Abstract

Embora as palavras “mídia” e “comunicação” muitas vezes apareçam de maneira indistinta nos estudos da área, em termos epistemológicos essa relação talvez não seja óbvia. Este texto propõe que, embora tomadas como sinônimas, cada uma dessas expressões revela um posicionamento epistemológico, discutido a partir de três aspectos: (a) entre as noções de “mídia” e “comunicação” como recorte de estudos; (b) entre demandas acadêmicas e de mercado na formação das teorias; (c) entre a palavra “comunicação” e sua utilização como operador epistemológico delimitador de uma área. Essas tensões são pensadas a partir dos referenciais de pesquisa da epistemologia da comunicação.

Highlights

  • Sugerir, no título do trabalho, uma diferença entre “meios” e “comunicação” pode parecer um contrassenso dentro de uma área de estudos que, ao longo de mais de um século, se dedicou e dedica exatamente a lidar com os “meios de comunicação”

  • Como recorda Paiva (2008, p. 2), a “tradução” de “comunicação” por “mídia” “tende a comprimir apressadamente todos os sentidos da Comunicação”, e, com isso, “neutraliza a complexidade cognitiva e agregadora do fenômeno comunicativo, que deve ser entendido em suas relações dinâmicas com a sociedade e a cultura”

  • Data de submissão: 01/03/2016 Data de aceite: 22/09/16 comun. mídia consumo, são paulo, v. 13, n. 38, p. 10-28, set./dez. 2016

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Summary

O problema da materialidade da mídia

Uma epistemologia da comunicação talvez deva enfatizar, em primeiro lugar, o aspecto “comunicação” para depois mencionar a questão dos “meios” e da “tecnologia”. É possível observar algumas vezes, em determinados pontos do discurso epistemológico da área de comunicação, uma certa tendência a destacar a mídia do conjunto dos processos comunicacionais, de maneira a torná-la o elemento agenciador das ações e condições de realização de determinados fatos. Sem negar as possibilidades desse tipo de abordagem, vale questionar em que medida não seria necessário, ao se estudar as mídias digitais, observar na sua interseção com os processos comunicacionais algo para além de um aparato técnico agenciador de “efeitos”, mas de uma relação dinâmica e contraditória. Nesse aspecto, sublinhar que a relação entre as mídias e os processos sociais não ocorre em termos de uma determinação de parte a parte – seria igualmente complicado defender a autonomia dos processos sociais em relação aos meios utilizados para a configuração de suas relações –, mas em uma complexa dinâmica tensional entre seus elementos. Trata-se de observar a centralidade do humano nos processos de comunicação, sem deixar de lado, evidentemente, todas as pesquisas etológicas responsáveis por revelar processos de sentido observáveis em certos animais, mas reiterando, por questões metodológicas, esse elemento

Entre a técnica midiático-profissional e a teoria no espaço universitário
Modulações entre a palavra e o conceito de comunicação
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