Abstract

O presente ensaio reflete sobre o papel do ensino de ciências frente aos desafios colocados pelas diferentes questões sociocientíficas que permeiam a sociedade contemporânea. Na medida em que a ciência desempenha importante função na busca de soluções para tais questões, como as crises socioambientais e de saúde pública, é também imprescindível que o ensino de ciências fomente um entendimento que possibilite avaliar informações científicas e distingui-las daquelas que podemos chamar de pseudocientíficas. Contudo, na busca por fomentar essa capacidade avaliativa no aluno, o ensino de ciências corre o risco de incorrer numa valorização excessiva do ideal crítico que visa a autonomia intelectual do aluno, muitas vezes expresso num ceticismo que elege a dúvida pela dúvida. Neste ensaio, problematizamos algumas consequências indesejáveis dessa postura, entre as quais está a perda de confiança na própria ciência. Para tanto, propomos reflexões que: (1) orientam o ensino de ciências para uma confiança na ciência, sem perder a criticidade com relação ao fazer científico; (2) problematizam a justificativa de uma educação científica voltada exclusivamente para a autonomia intelectual do educando que elege a dúvida e o ceticismo como objetivos de ensino. Nessa discussão acentuamos a importância de uma “confiança equilibrada” em relação à ciência, destacando a confiança como elemento complementar ao exercício da dúvida e da crítica. Ao final, apresentamos algumas reflexões e possíveis desdobramentos dessa temática para o contexto da sala de aula e da educação científica.

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