Abstract
Analisa-se um conjunto de elementos arquitetónicos de época romana recolhidos nas intervenções arqueológicas realizadas no teatro romano. Estas peças destacam-se pelo facto de o material em que são elaboradas não ser o biocalcarenito de idade miocénica, empregue em todos os elementos decorativos e estruturais do teatro mas antes um litótipo distinto, pouco homogéneo e exótico, quer na cor quer na composição. A singularidade destes elementos arquitetónicos é sublinhada pelo facto de serem os únicos que se reconhecem no monumento cénico e na cidade de Felicitas Iulia Olisipo / Lisboa realizados neste tipo de matéria-prima. Sublinha- se também o facto de todos estes elementos terem sido originalmente estucados, sendo possível, pelas suas características técnicas e estilísticas, atribuí-los ao primeiro momento construtivo do monumento cénico.
Highlights
Estes materiais encontram-se talhados numa matéria-prima fora do comum
Em ambos os locais existem bancadas sub-horizontais em que se observa atualmente a existência de blocos com grande extensão horizontal e com espessura suficiente para uma eventual exploração para fins de construção (Figs. 19 e 20)
Os clastos são maioritariamente de quartzo (90%), de formas irregulares e angulosas, e também de feldspato potássico (5%), algumas palhetas de mica (2%), fragmentos de calcário, de quartzito e de cherte (2%) e aglomerados de matéria orgânica (1%)
Summary
Desde 1964, quando se iniciou a intervenção arqueológica no teatro romano de Lisboa, muitos foram os elementos arquitetónicos recolhidos. O projeto de intervenção arqueológica seria continuado por Irisalva Moita, então Conservadora dos Museus Municipais (C.M.L.), a qual não poupa esforços com vista à implementação, por parte da edilidade, de uma política de aquisição dos edifícios sobrepostos às ruínas do teatro romano. Terá sido neste contexto que muitos dos elementos arquitetónicos que hoje se conservam do teatro romano de Lisboa terão sido recuperados, nos quais se integram quatro fragmentos, alguns de difícil identificação funcional, que são talhados num litótipo exótico no contexto das formações geológicas miocénicas deste sector de Lisboa, claramente dissonante dos demais utilizados. Esta área encontra-se limitada a norte pela grande estrutura do post scaenium que, originalmente, suportava a fachada cénica, com uma implantação este/oeste, encontrando-se sobreposta pela atual fachada norte do museu, dos inícios do séc. As molduras que alguns destes elementos ostentam e, especialmente, a decoração das cornijas, torna inequívoca tal atribuição cronológica ainda que, por vezes, seja difícil perceber a respetiva função
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