Abstract

Este artigo tem como objetivo principal interpretar quatro modelos econômicos dos mercados das drogas ilícitas e suas intersecções na região do Triângulo Mineiro/MG. O primeiro modelo de tráfico de drogas descrito foi o político-empresarial. A pesquisa tomou como base o relatório conclusivo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico de Minas Gerais que documentou a acusação de políticos, empresários e servidores públicos da área da segurança pública. O modelo da rota caipira desvelou mercados das drogas nas fazendas via transporte aéreo, descobertos por operações da Polícia Federal e publicadas pela imprensa local. O terceiro foi o modelo periférico situado nos bairros pobres, geralmente um mercado constituído na ponta da venda por jovens. O último modelo identificado foi o cult com mercados envolvendo a população artística, intelectual universitária, classe média e alta das cidades. Cabe ressaltar que o artigo vai descrever esses quatro tipos econômicos em suas práticas sociais e relações de interação. Os materiais e métodos utilizados na pesquisa, além do relatório da CPI do Narcotráfico e dos registros da imprensa local, tiveram como base uma pesquisa etnográfica desenvolvida entre 2011 e 2015. Conclui-se que os dois primeiros modelos de tráfico de drogas possuem uma associação com a economia do atacado arregimentada por profissionais liberais de classe média e alta, o terceiro modelo mescla a economia do atacado e do varejo nos bairros periféricos com mudanças oriundas a partir do fortalecimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) na região e o último modelo descreve múltiplos mercados da classe media e alta do varejo dentro e no entorno da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Apesar do relativo sucesso governamental das políticas de segurança pública estadual, veremos como, sua administração de controle sobre o tráfico de drogas, crimes violentos e homicídio, recaiu apenas sobre o modelo do tráfico de drogas periférico.

Highlights

  • This article aims to elucidate four economic models present in the illicit drug market and its intersections and connections with Minas Gerais’ public security policies for the Triângulo Mineiro region

  • Com o início do século XXI, Uberlândia[1] e Uberaba, os maiores municípios do Triângulo Mineiro, seguem a tendência de Belo Horizonte e Região Metropolitana em relação ao aumento dos crimes violentos

  • Esses elementos dificultariam o controle efetivo do comportamento dos membros das comunidades

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Summary

Márcio Bonesso

Possui bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Uberlândia (2002). Este artigo tem como objetivo principal interpretar quatro modelos econômicos dos mercados das drogas ilícitas e suas intersecções e conexões de sentido com as políticas de segurança pública estadual na região do Triângulo Mineiro. Como os gestores e demais agentes desses programas, bem como segmentos populacionais locais percebem a constituição dos mercados das drogas no Triângulo Mineiro? A percepção sobre o consumo e tráfico de drogas de segmentos populacionais locais, dos gestores estaduais do controle do crime e dos agentes das polícias locais recaíram apenas sobre a gestão do modelo periférico. Esses agentes sociais reproduzem o discurso seletivo de que o consumo, o tráfico de drogas e os crimes violentos estariam circunscritos à população dos territórios denominados áreas de risco e anéis da criminalidade. Palavras-chave: Modelos de mercados de drogas; Políticas de segurança pública; Consumo e tráfico de drogas

OS MODELOS PERIFÉRICOS NO TRIÂNGULO MINEIRO
AS INTERAÇÕES SIMBÓLICAS ENTRE AS ECONOMIAS DAS DROGAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Findings
Referências bibliográficas
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