Abstract
A atitude de tolerância frente à alteridade indígena e a representação do índio tupinambá docilmente "convertível" contidas no relato do capuchinho Claude d'Abbeville,Histoire de la Mission... en l'isle de Maragnan (1614), são claramente tributárias do livro do huguenote Jean de Léry,Histoire d'un voyage fait en la terre du Brésil (1578). O capuchinho parafraseia o huguenote em várias passagens, mostrando o índio como objeto de análise "etnográfica", sem excluí-lo - como faz Léry - da possibilidade de salvação. Provavelmente, Claude d'Abbeville responde, desta forma, às expectativas do público francês, num contexto de exortação à colonização do Maranhão e de propaganda da obra apostólica da Ordem dos Capuchinhos.
Highlights
Claude d’Abbeville se permite, até mesmo — no momento em que o sucesso editorial de Jean de Léry atinge seu último pico, parafrasear o relato da viagem do huguenote ao Rio de Janeiro.[75]
The capuchin paraphrases the huguenot in several passages, presenting the Indian as an object of “ethnographical” analysis, without excluding him — as Léry does — of the possibility of salvation
Mas funcionou no sentido inverso, uma vez que a Histoire d’un voyage é, como se sabe, um manifesto anticolonialista contra a tirania de Villegaignon e as crueldades da colonização luso-espanhola.[91] Por mais que o selvagem de Léry fosse inconvertível, foi a sua bondade que serviu ao huguenote como argumento básico à crítica da política colonial francesa: para além dos ataques à Villegaignon, a apologia do selvagem possibilitou Jean de Léry condenar radicalmente todo e qualquer projeto evangélico e colonial na América.[92]
Summary
Segundo os termos transcritos por Claude d’Abbeville em seu relato, os índios queixavam-se, em 1612, de que os franceses que tinham permanecido no Maranhão para traficar com eles no passado não lhes tivessem ensinado como “adorar e servir a Deus”.29 Uma vez definitivamente instalada a colônia francesa, uma das primeiras atitudes dos “Profetas” — como eram designados os capuchinhos pelos índios, segundo o Padre Claude — foi demarcarem-se da promiscuidade nascida dos primeiros contatos entre selvagens e mercadores ou “truchements ensauvagés”.
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