Abstract

O artigo pretende examinar a produção documental brasileira do período silencioso centrada nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, submetendo-a a recortes temáticos que transcendem a historiogra fia clássica do cinema brasileiro e que dialogam com a história cultural. Dois traços dominantes serão destacados: (1) a representação de eventos cívicos e espaços monumentais típicos a uma metrópole no Brasil nas primeiras décadas do século XX; (2) a representação dos festejos carnavalescos nas ruas (corsos, desfiles de clubes). Faz o exame rigoroso de um filme, Caça à raposa (1913), de Antonio Campos, a fim de verificar o padrão de ordem visual estabelecido em sua relação com o recorte proposto.

Highlights

  • This article aims at examining Brazilian documentary production of the silent period, focused in the cities of São Paulo and Rio de Janeiro

  • This production follows thematic ‘cuts’ which transcend the classic historiography of the Brazilian cinema and which dialogue with the cultural history of the period

  • A more comprehensive analysis of the film Caça à raposa (1913), by Antonio Campos, is carried out with the objective of verifying the filmic visual pattern established in relation to the proposed thematic ‘cuts’

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Summary

O DOCUMENTÁRIO

Do final dos anos 70 até a atualidade os estudos referentes ao gênero documental avançaram de maneira significativa, devido, entre outros motivos, à reconhecida importância de obras como as do cineasta Eduardo Coutinho. Rubens Machado, por sua vez, em trabalho ainda inédito, discorre sobre a representação cinematográfica da metrópole paulista no período silencioso, conferindo grande parte de seu esforço analítico ao exame de São Paulo, Sinfonia da Metrópole (1929), de Alberto Kemeny e Rudolf Rex Lustig, e Fragmentos da Vida (1929), de José Medina. Também são considerados Exemplo Regenerador (1919), de José Medina e O Segredo do Corcunda (1924), de Alberto Traversa.[12] O autor relaciona as diversas determinações presentes na questão da representação fílmica da cidade: a influência de matrizes construídas pelo cinema estrangeiro; a presença de uma série de contradições emergentes daquilo que Paulo Emilio qualificou como “incompetência criativa de copiar”;13 a participação de estrangeiros na produção artística cinematográfica. Dimensões históricas do documentário brasileiro no período silencioso vantamentos e discussões feitos por Araújo e Melo Souza não abarcam o período que vai de 1916 até a transição do cinema silencioso ao sonoro, concretizada no Brasil, grosso modo, no início da década de 1930.15

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