Abstract

RESUMO Neste artigo, o objetivo é identificar as condições verboideológicas pelas quais valores judaico-cristãos em tensão na conceituação de inferno se instalam como memória coletiva ocidental mesmo fora do segmento religioso e, assim, emolduram uma cosmovisão. Teoricamente, a discussão se fundamenta preponderantemente numa leitura dialógica (Círculo BMV) da noção halbwachiana de memória coletiva e numa abordagem sociocognitivista de polissemia. Metodologicamente, vale-se da apocrificidade como recurso de levantamento de textos-fonte para rastreamento do percurso conceitual constitutivo da semiose de inferno em diálogo com textos canônicos. O artigo demonstra que inferno, ao comprimir o trânsito entre culturas e fazer permear valores cristãos em outros campos da criação ideológica, ativa um domínio moral-causal que, a um só tempo, faz deferência a esses valores e nega-lhes os princípios religiosos tornando o sagrado e sublime também prosaico. A ambivalência sagrado/prosaico que se dá não alternativamente, mas simultaneamente, como próprio da tensão dialógica, configura estrutura coletiva de memória.

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