Abstract

<p>A pintura de Paula Rego tem desenvolvido um intenso e constante diálogo com a literatura. De entre um amplo número de autores, destacam-se os clássicos portugueses de oitocentos, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco e especialmente Eça de Queirós. Depois de <em>O Crime do Padre Ama­ro</em>, o romance queirosiano <em>A relíquia </em>mereceu a revisitação da pintora com oito trabalhos nos quais procede a uma prática de ilustração subversora que, não deixando de perseguir a narrativa queirosiana, dela se afasta pro­pondo versões alternativas da história canónica e exercendo por essa via o seu violento e iconoclasta espírito crítico sobre a sociedade contempo­rânea. Paula Rego pinta em tom paródico o orientalismo queirosiano, ora dele se aproximando, ora dele se afastando em movimentos de deslocação estético-ideológica, num jogo de intermedialidade com Eça de Queirós, que lhe permite confirmar algumas das linhas mestras da sua própria obra.</p>

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