Abstract

A crônica “Mefistófeles” foi escrita por Eça de Queirós em 1867 e publicada nesse mesmo ano no jornal Gazeta de Portugal. O texto faz parte do volu­me Prosas bárbaras, publicação póstuma de 1903, em que estão compilados alguns dos primeiros textos escritos por Eça. Toda a narrativa da crônica é centrada na análise da ópera Fausto, composta pelo francês Charles Gou­nod, em 1859, obra esta baseada na ficção homônima de Goethe. Por in­termédio da personagem principal da ópera, Mefistófeles, o cronista sobre­carrega a “figura” do diabo com características positivas que se sobrepõem às poucas proposições negativas que se constatam. Percebe-se nitidamente, nesse discurso, a exaltação de características que aproximariam o diabo dos humanos e, concomitantemente, o rebaixamento de aspectos concer­nentes à esfera do divino e do que era considerado discurso moral e ético pela tradição religiosa. Pretendemos demonstrar que, nesta crônica, Eça de Queirós já expõe particularidades da figura demoníaca que irão perma­necer na composição das diversas personagens diabólicas que povoam sua extensa produção literária.

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