Abstract
O artigo, em diálogo com Lévinas, produz uma leitura ética de textos literários, evidenciando como os conceitos de rosto, testemunho e substituição podem nos deslocar e nos aproximar de um outro que relata sua dor. Assim, nos aproximamos dos rostos femininos de Scholastique Mukasonga para, a partir da perspectiva levinasiana, elaborarmos um exercício de leitura ética de alguns de seus textos: Baratas (2006), A mulher dos pés descalços (2008) e Nossa Senhora do Nilo (2012). As três obras podem ser compreendidas como um ciclo testemunhal da autora, abordando questões correlatas a Ruanda e ao genocídio tutsi de 1994. Abordamos especificidades relativas ao feminino, seus rostos manifestos na escrita (ditos) e nas vozes (dizer) que narram situações violentas, por vezes inomináveis e limítrofes entre o sofrimento e o horror. Essas obras produzem deslocamentos importantes na experiência do trauma e fazem face a ela, criando espaços de sobrevivência e esperança.
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