Abstract

O título enunciado pretende dilucidar os percursos figurativos que estiveram na origem da fortuna literária e artística de Josefa de Santo Aleixo e de Maria Moisés, no conto ‘Maria Moisés’ das Novelas do Minho, publicadas por Camilo Castelo Branco entre 1875 e 1877. Na perspetiva dos estudos de género, a vida ‘incompleta’ que carateriza o percurso existencial de ambas refere-se à parte da história individual inerente à construção da identidade feminina que estes seres de papel nunca concretizaram, dado o universo patriarcal vigente. Segundo Nathalie Einich, em États de Femme. L’identité dans la fiction occidentale (1996), os estados identitários da mulher, no contexto cultural de Oitocentos, são os de ‘fi lha, esposa e mãe ’, mas nem Josefa nem Maria Moisés os reúnem na totalidade. O equilíbrio e a coerência do ser em si da mulher estão longe de se consubstanciar neste universo ficcional. Em termos semio-narrativos, a incompletude converte-se no signo distintivo de ambas, signo fautor da assunção de múltiplas vias para a sua figuração, para a sua justa perenidade. Por outro lado, no que concerne à sobrevida das personagens (Reis: 2015), refira-se a reinterpretação do conto por Paula Rego através de cinco composições, Maria Moisés e outras histórias, expostas na Galeria 111, no Porto, em 2000-2001 (Lima: 2002). Os temas abordados pela artista plástica são, mais uma vez, aqueles que o tempo insiste em fazer perdurar: a paixão, a gravidez indesejada, a incompreensão familiar e social, a solidão.

Full Text
Paper version not known

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call