Abstract
Resumo O ensaio aborda o problema da formação social do self. Dividindo-se em quatro passos, reconstrói, no primeiro, aspectos da teoria interacionista da educação de Mead, enfatizando sua dimensão social-intersubjetiva. No segundo passo recorre ao conto “Negrinha”, de Monteiro Lobato, para mostrar, à contrapelo, como a ação humana pode descambar facilmente para a obediência irrestrita e o quanto isso marca destrutivamente as formas de vida. Confronta, no terceiro passo, o conto de Monteiro Lobato por meio de aspectos da teoria da ação de Mead, evidenciando a tensão constitutiva da formação humana como autoformação. Por fim, reconstrói, no quarto passo, um traço da formação como autoformação, herdado por Mead da Modernidade, que o auxilia a colocar a simpatia cooperante como núcleo ético da formação do si-mesmo. O ensaio conclui afirmando que perspectivas intersubjetivas são mais apropriadas, em contextos sociais plurais, para livrar o ser humano de suas diferentes formas de servidão.
Highlights
Deste modo, tanto em Rousseau como em Kant, formação tem a ver com autoformação
8 “The critical importance of language in the development of human experience lies in this fact that the stimulus is one that can react upon the speaking individual as is reacts upon the other”. 9 “Conscious communication ... arises when gesture become signs, that is, when they come to carry for the individuals making them and the individuals responding to them, definite meanings or significations in terms of the subsequent behavior of the individuals making them”. 10 “When we speak of the meaning of what we are doing we are making the response itself that we are on the point of carrying out a stimulus to our action”
Submetido à avaliação em 12 de junho de 2019; aceito para publicação em 10 de outubro de 2019
Summary
Personagem interessante, santa Inácia representa um dos lados da contenda racial que se desenvolve ao longo do conto de Lobato, que a descreve com evidente sarcasmo e sutil viés satírico. Pela própria estrutura da relação da senhora com o vigário, na verdade, vislumbra-se, para dona Inácia, uma sequência natural entre a vida na terra e o futuro no Céu. Nos tempos em que o conto transcorre, dona Inácia não tem mais o poder de decidir pela vida ou morte dos negros e negras em seu entorno, e não pode, impunemente, puni-los por qualquer desvio. Prisioneira de um status quo gerado a partir de uma visão de mundo fomentada pelas forças sociais vigentes – em especial pelo discurso de seu mentor teológico – não percebe o quão distancia-se de sua latente humanidade. Fazendo brotar uma humanidade antes não existente, influenciada pela vivacidade das sobrinhas e de Negrinha, inclui esta última no espaço social antes desautorizado: torna-se, então, mesmo que por um átimo diminutíssimo de tempo, humana e humanizadora
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