Abstract
A natureza patriarcal da mitologia grega concretizada na Odisséia, entre outros, no episódio das doze escravas enforcadas a mando de Odisseu, instigou Margaret Atwood a reescrever a história de Penélope e de suas escravas, baseando-se em outras versões míticas. Dando voz a Penélope e às escravas para recontar suas histórias a partir de seu nascimento até a volta de Odisseu, e portanto como narradoras autodiegéticas, a fim de resgatar aspectos não revelados nos textos homéricos, Atwood o faz de um ângulo inusitado: as escravas formam um Coro, que canta, declama e dança enquanto relata sua verdadeira história. Um relato que expõe sua alteridade como sinônimo de condição objetal e de identidade em falta, condição essa que as deixava expostas a todo tipo de violência, levando assim à sua condenação e conseqüente execução. Entretanto, através do recurso de diferentes gêneros poéticos e estilos, o Coro reconstroi não apenas sua história, mas cria simultaneamente sua própria linguagem - polifônica, paródica, acusadora – desconstruindo assim também a imagem do herói homérico. A redenção das escravas se dá ao levarem Odisseu não só a um julgamento no século XXI, mas principalmente por lhe assegurarem que será eternamente perseguido pelas Fúrias. É o relato desse percurso da alteridade à violência e à redenção que será objeto de análise deste trabalho.
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