Abstract

A história da África está marcada por dois eventos devastadores: a escravidão e a colonização. Da escravidão, o continente sofreu várias vítimas. O navio negreiro engoliu grande parte da juventude Africana. Muitos pais foram privados de sua progenitura. As consciências foram marcadas de forma indelével. No entanto, entre aqueles que, apesar disso, deixaram o continente e aqueles que ficaram há uma ligeira diferença. O segundo evento sujou a consciência dos africanos que ficaram. É nesta perspetiva que o duo martiniquense Césaire-Fanon fala de atropelamento cultural ou de bloqueio identitário pois o colonizado até dúvida da sua própria existência. Ele é, portanto, cortado das suas fontes e raízes culturais para sofrer um enxerto forçado. Mas a cultura imposta embora dominante, ainda não limpa por completo a cultura local. Há uma sobrevivência da autoctonia no esquema cultural em que navega o colonizado sob dominação estrangeira. O nível mais visível é o linguístico. Vai nascer um falar crioulo que é uma mistura da língua do colono com alguns vestígiosdo falar indígena. É portanto neste contexto de distorção cultural que surge a noção de regresso para as raízes culturais africanas tão celebrado pelos mentores da Negritude nomeadamente Aimé Césaire da Martinica ou Francisco José Tenreiro de São Tomé e Príncipe.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call