Abstract

Este artigo vale-se do mito de Orfeu enquanto tópica reiteradamente revistada na poesia moderna para analisar duas possibilidades de leitura do poeta trácio na obra do poeta Herberto Helder. A hipótese central é a de que, embora distintos, ambos guardam em si a implicação de metamorfose e finitude engendrada pela metáfora no projeto do poema contínuo, tendo em vista a escrita como um procedimento paradoxal de inscrição e apagamento articulado por imagem e som na enunciação lírica. Para tanto, a obscuridade inscrita no gesto autoral será perscrutada a partir do recurso do corte na montagem cinematográfica, considerando o princípio fílmico da poesia helderiana e o modo pelo qual ela se apropria do mito de Orfeu a partir da recitação poética como uma força que opera no horizonte de uma alteridade radical, fundadora de um idioma próprio, no qual origem e fim simultaneamente condicionam a interdição e a abertura ao sentido.

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