Abstract

O objetivo deste artigo é discutir a relação entre cultura da avaliação e processos de subjetivação, no campo da saúde. Trata-se de um estudo teórico sobre o tema, que trabalha aspectos históricos e conceituais da ascensão da cultura de avaliação nas sociedades contemporâneas, particularmente no setor saúde; e faz uma revisão analítica dos argumentos que circunscrevem as controvérsias que os temas da avaliação e subjetividade têm suscitado na saúde pública e fora dela, em diálogo com as contribuições de Foucault. A literatura nacional do setor da saúde é mais receptiva do que a literatura internacional nas ciências humanas. A interpretação mais corrente, em geral, é que a avaliação é um dos instrumentos de governo ou de gestão. A maior crítica é que levaria os trabalhadores a se preocuparem apenas com o que está colocado pelos indicadores, abdicando de uma interpretação mais ampliada da própria atividade. Há uma compreensão comum de que as práticas avaliativas têm por objetivo produzir mudanças subjetivas, mas também produzem efeitos subjetivos não previstos. Quanto ao desenho desses efeitos de subjetivação, há largo espectro de pontos de vista, que vão desde o fomento a subjetivações comprometidas com a mudança permanente, ao constrangimento da subjetividade e à produção dos “eus calculáveis”. Acompanhando o pensamento de Foucault, podemos reconhecer tanto efeitos de submetimento, quanto efeitos de protagonismo no uso da avaliação. O segundo caso pode levar ao aperfeiçoamento autogerido dos processos de trabalho ou à criação de espaços estratégicos nas relações de poder.

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