Abstract

A presidência de Evo Morales, liderança indígena e dirigente do partido Movimiento al Socialismo (MAS), abre um processo de transformações em diversas dimensões, em que as mudanças socioeconômicas e no poder político expressam uma perspectiva de longa duração que questiona relações de colonialidade entre uma elite dominante branca e uma maioria indígena subalterna, que se aprofundam após a independência nacional. Acompanhando essa perspectiva, predominante nos setores de apoio ao governo, a estratégia de poder do MAS não segue a tradição das revoluções sociais que operaram rupturas estruturais no modo de produção e na organização estatal bolivianas, mas aponta para uma nova revolução descolonizadora, política e cultural, que articula um indigenismo de natureza ampla, flexível e aberto aos movimentos sociais do campo popular. Essa concepção enfrenta críticas em setores da esquerda, que vislumbram uma renovação do processo de modernização capitalista iniciado em 1952, sob a liderança do Movimiento Nacionalista Revolucionario (MNR), ampliando a cidadania e democratizando o acesso ao Estado pelo reconhecimento dos indígenas como tais. Nessa perspectiva, a transformação proposta pelo MAS tenderia a favorecer uma recomposição do sistema diversificando sua base socioeconômica. A partir do contraste estabelecido por essas duas linhas de interpretação, pretendemos analisar as possibilidades estruturais da estratégia do governo de Evo Morales, tomando como referentes históricos as transformações operadas pela revolução nacionalista de 1952 e pelas reformas neoliberais iniciadas nos anos 1980.

Highlights

  • O nacionalismo revolucionário A insurreição popular que coloca no poder em 1952 o Movimiento Nacionalista Revolucionario (MNR) marca o momento culminante de um processo de crise econômica, política e social que se iniciou com a queda dos preços internacionais do estanho a partir de 1929 e a derrota da Bolívia para o Paraguai na Guerra do Chaco (1932-1935)1

  • Crise de hegemonia e emergência de novos atores na Bolívia: o governo de Evo Morales representavam 20%

  • Defende-se a existência de um parentesco epistemológico entre Freyre e DaMatta que

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Summary

Luis Fernando Ayerbe

O nacionalismo revolucionário A insurreição popular que coloca no poder em 1952 o Movimiento Nacionalista Revolucionario (MNR) marca o momento culminante de um processo de crise econômica, política e social que se iniciou com a queda dos preços internacionais do estanho a partir de 1929 e a derrota da Bolívia para o Paraguai na Guerra do Chaco (1932-1935). De acordo com essa visão, estaríamos frente a um processo de modernização, com ampliação da cidadania e democratização do acesso ao Estado, que passa a reconhecer os indígenas como tais, em que as lutas entre governo e oposição não seriam insolúveis, há espaço para um pacto social entre a antiga oligarquia, o imperialismo e uma nova burocracia estatal que [...] não romperia com o regime de acumulação imperante, senão que daria oxigênio ao já existente, ao realizar certas reformas nacionalistas que redistribuam o excedente econômico proveniente dos hidrocarbonetos e consolidem a adesão das massas ao novo governo por um tempo mais longo do que os lapsos políticos que temos conhecido nos últimos anos Se reuniu de maneira reservada com um prefeito que me trata de animal, de mono, de macaco, de incapaz e de excelentíssimo assassino” (Morales apud Diário CoLatino, 2008)

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