Abstract
O futebol, assim como outras atividades físicas, foi culturalmente construído por meio de um binarismo que divide a sociedade em dois blocos: de um lado os homens e do outro as mulheres. Entre espaços socioculturais distintos, existem sujeitos que optam por borrar as fronteiras de uma lógica (vista como) coerente entre sexo-gênero e decidem [res]significar seus lugares de homens e mulheres fora dos padrões esquadrinhados pela cultura e pela sociedade. Diante disso, nosso objetivo é compreender como a inserção das mulheres nos jogos de futebol reverberam em discursos sexistas nas redes sociais. Metodologicamente, esta pesquisa inscreve-se como qualitativa, documental, com interface entre os Estudos de Gênero e Sexualidade[s] e o campo dos Estudos Culturais da Educação. Para este texto, escolhemos como ponto de partida para as análises o Facebook, entendendo-o como uma Pedagogia Cultural na constituição de atravessamentos de gênero e sexualidade que localizam-se nas imagens escolhidas e nos comentários dos/das internautas, fazendo das publicações sobre a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2019 espaços de sociabilidades e de educação em torno das possibilidades da vivência de gênero e/ou sexualidade[s] destes corpos - lidos como femininos - e que entram em campo fugindo das regras pré-definidas pela cultura.
Highlights
Na matéria do Globo Esporte intitulada “Rival FIFA tem seleções femininas desde 2015” (05 de julho de 2019), que trata da não inclusão de times femininos no jogo Pro Evolution Soccer 2020 para Playstation 4 e Xbox One, é possível perceber, nas imagens a seguir, trechos que, mais uma vez, estereotipam as mulheres por meio de comentários e memes reprodutores de uma lógica sexista de tarefas sociais distintas entre homens/mulheres e um ideal de feminilidade que não abarca a todas as mulheres (Imagens 7 e 8)
As pedagogias culturais acionadas no futebol - esporte que só se adjetiva a partir de elementos de gênero, quando refere-se às mulheres - são repetidas as normas aceitas de ser homem e de ser mulher no mundo, questionando, problematizando, ridicularizando aqueles e aquelas que ousam burlar as formas naturalizadas e instituídas de ser,inventando formas de estar como sujeito de gênero em uma cultura como a nossa, o que precisa ser, cada vez mais, comum
As pedagogias culturais acionadas no futebol - esporte que só se adjetiva a partir de elementos de gênero, quando refere-se às mulheres - são repetidas as normas aceitas (binárias e fixas) de ser homem e de ser mulher no mundo, questionando, problematizando, ridicularizando aqueles e aquelas que ousam burlar as formas naturalizadas e instituídas de ser, (re)inventando formas (por vezes, fluidas) de estar como sujeito de gênero em uma cultura como a nossa, o que precisa ser, cada vez mais, comum
Summary
Utilizamos um repertório teórico dos Estudos Culturais (COSTA e ANDRADE, 2015; WOODWARD, 2014), Estudos de Gênero e Sexualidade (LAURETIS, 1994; LOURO, 1997; MEYER, 2004) e Corpo (GOELLNER, 2005; MORÃO e MOREL, 2005), compreendendo as tecnologias digitais como facilitadoras de sociabilidades e de educação em sentido ampliado – aquela que ocorre nos mais variados espaços sociais, escolares ou não – em torno das possibilidades da vivência de gênero e/ou sexualidades[s] destes corpos - lidos como femininos - e que entram em campo fugindo das regras pré-definidas pela cultura.
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