Abstract

A etnopsicologia propõe o diálogo entre a antropologia e a psicologia. O etnopsicólogo busca compreender como a comunidade a ser estudada constrói suas próprias etnoteorias. Objetiva-se discutir o modelo etnopsicológico utilizado em pesquisas realizadas em terreiros de umbanda no interior do estado de São Paulo (Brasil), a fim de contribuir para reflexões metodológicas a serem aplicadas em outros contextos comunitários de matriz africana no país. Para tanto, analisaram-se os procedimentos etnográficos (observações participantes e registros em diário de campo) incorporados por psicólogos que trabalham com abordagem psicanalítica. A escuta participante mostrou-se instrumento relevante para a pesquisa no que tange à experiência de campo, às relações transferenciais e ao refinamento da escuta em psicanálise, com base nas perspectivas freudiana e lacaniana. O primeiro passo é partir da implicação em campo, memórias, bagagens existenciais e em que medida elas nos enlaçam ao tema. A segunda etapa é a construção do trabalho de campo, a imersão na perspectiva da escuta participante e do ‘ser afetado’ e a definição dos procedimentos. O terceiro ponto é o pinçamento do que se repete, o centramento das peças, as análises, as combinatórias significantes e tudo aquilo que elas enunciam. Espera-se contribuir com outros pesquisadores e profissionais que queiram amparar-se na etnopsicologia para sua atuação, intervenções e/ou trabalho de campo. O modelo do método etnopsicológico pode ser importante no tecido de uma escuta atenta ao modo como cada comunidade constrói seus saberes, a fim de restituir ao outro a possibilidade de se dizer e a posição de ser escutado em seus próprios termos.

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