Abstract
Este artigo sugere a noção de “consciências literárias da crise”, isto é, formas de consciências opositoras em tempos de crises do capitalismo que se expressam por meio de obras literárias, marcadas por uma profunda negatividade em relação ao presente. Estas formas de consciência são engajadas na dupla tarefa de descrever os efeitos de barbárie provocados pelas crises e também de narrar as mudanças ocorridas na sociedade e nos modos de vida dos indivíduos. Além disso, seriam carregadas de energia utópica, de tal maneira que a negação do mundo vigente abre espaço para a possibilidade de outro mundo. Com esta noção, pretendo reafirmar, no quadro histórico atual marcado pela crise estrutural, a especificidade, potencialidade e relevância da literatura para a produção de uma crítica radical do presente. Retomo as obras de Franz Kafka, Aldous Huxley e Samuel Beckett, alinhando-as com períodos históricos distintos: A Era da Catástrofe, a Era de Ouro e o Desmoronamento, respectivamente.
Highlights
E nos olhos dos homens reflete-se o fracasso
É inegável que estes saberes produziram diversos e importantes efeitos de análise
I return to the works of Franz Kafka, Aldous Huxley and Samuel Beckett, aligning them with distinct historical periods: The Age of Catastrophe, the Golden Age and the Fall, respectively
Summary
Resumo: Este artigo sugere a noção de “consciências literárias da crise”, isto é, formas de consciências opositoras em tempos de crises do capitalismo que se expressam por meio de obras literárias, marcadas por uma profunda negatividade em relação ao presente. A literatura, portanto, assim como a filosofia, a sociologia, a psicologia e a história, por exemplo, permite compreender quais são as forças que constituem o presente, quais são as mudanças que estão ocorrendo nos modos de vida, quais tipos de sofrimento emergem a partir de tais mudanças etc. A meu ver, nele podemos encontrar uma modalidade de consciência literária que consiste em pôr as crises como catástrofes naturais, isto é, acontecimentos que não conseguimos prever nem compreender, tal é o grau de alienação desta forma social; b) Aldous Huxley e a Era de Ouro. Esta forma de consciência literária entende a crise como contexto histórico-cultural de intensificação dos efeitos de dominação social; c) por fim, Samuel Beckett e o Desmoronamento, isto é, parece-me que a forma de consciência literária de Beckett põe a crise enquanto processo de dissolução social que carrega a natureza, a sociedade e os indivíduos em seu desfazimento. Em tempos de crise estrutural como os atuais, a literatura pode fornecer um lugar de reflexão e crítica, de problematização e recusa daquilo que nos tornamos
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