Abstract

O trabalho analisa o conto O mandarim, de Eça de Queiroz, como marcador da ambivalência, ao final do século XIX, entre a ordem mundial do imperialismo e as pautas de uma imaginação ampliada da universalidade humana. Eça de Queiroz parte de antiga questão filosófica, sob o título ‘o dilema do mandarim’, que propõe que a distância no tempo e no espaço é proporcionalmente inversa à indiferença humana pelo sofrimento e pela dor. Partindo dos estudos culturais e da história social, o artigo propõe uma leitura mais detalhada da obra, não apenas como reflexo de um processo econômico e social, mas também como construtora de uma forma de sensibilização através da ficcionalidade. Esse aspecto é também cotejado pelas autoras Lynn Hunt, historiadora, e por Martha Nussbaum, filósofa, ambas com dedicação ao problema dos efeitos emocionais dos romances dos séculos XVIII e XIX para a instituição da moralidade humana naquilo que concerne à noção de igualdade moderna. Sob essa temática é que surgem os conceitos de simpatia ou empatia, que mesmo já consolidados na psicologia social, ainda são frágeis no âmbito dos estudos sociais e literários. Ao trazê-los para a análise de O mandarim, mostramos que o aparentemente singelo trabalho de Eça pode ser problematizado em proporções sociais simbólicas, que deslizam da narrativa colocada em termos individuais para considerações sobre lugares e formações ampliadas, como a relação entre Ocidente e Oriente. Ao mesmo tempo que propõe questões de caráter mais genérico, o texto também coloca em tela a condição identitária de Portugal à época do escrito eciano, sugerindo uma trama mais complexa como pano de fundo da ficção de O mandarim.

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