Abstract
Os processos educacional e de inclusão de sujeitos surdos no ensino regular, muitas vezes estão resumidos à presença do intérprete de Libras na sala de aula regular. Tais processos, via de regra, parecem estar desconsiderando as singularidades dos sujeitos surdos, e deixando de lado a importância da valorização da cultura e da constituição de identidades surdas em detrimento de práticas educativas baseadas ainda no ensino da língua como objeto pronto e acabado e do sujeito como ser passivo nesse processo. Discutir as concepções de surdez adotadas por interpretes de Libras que atuam no ensino fundamental. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada a partir de entrevistas à intérpretes de Libras que atuam no ensino fundamental, com análise dos dados realizada com base nos pressupostos da análise do conteúdo proposta por Bardin (2011). Provavelmente baseadas em políticas de inclusão para surdos que privilegiam o aspecto linguístico em detrimento ao cultural e identitário, as concepções de sujeito e surdez apresentadas pelos intérpretes de Libras ainda podem ser consideradas reducionistas. Assim, a presença deste profissional no ensino fundamental, como única ou principal alternativa para a educação de sujeitos surdos, não tem possibilitado a constituição de sua identidade e a valorização da cultura surda, não contribuindo para uma educação crítica, responsável e eficaz desses sujeitos. Se faz urgente e necessária a adoção de um modelo educacional que permita o conhecimento e desenvolvimento de relações que, para além do linguístico, valorizem aspectos culturais.
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