Abstract

O presente artigo pretende contribuir para o entendimento da complexidade do setor terciário, que implica diferentes demandas locacionais, com vistas a fornecer subsídios para alimentar políticas urbanas mais consistentes. Para tanto, discorre-se, inicialmente, sobre a dificuldade de conceituação e classificação das atividades terciárias, buscando explicitar as diferenças entre manufatura, comércio e serviços. Na sequência, são apresentados e discutidos: a composição do terciário; o domínio público ou privado e sua relação com o consumidor (empresas ou indivíduos), bem como sua organização espontânea ou planejada, além de sua alta capacidade de incorporar mudanças. Essas preferências locacionais, nas sociedades capitalistas, que têm como objetivo a viabilidade dos respectivos negócios, apresentam relação direta com a dinâmica urbana (usos e fluxos) e podem, se bem compreendidas, auxiliar na implementação de políticas públicas de dinamização e requalificação urbana.

Highlights

  • A maior parte dos estudos realizados sobre o setor terciário trabalha no âmbito das Ciências Econômicas no que se refere às políticas de desenvolvimento ou tem como principal foco o desempenho das empresas de comércio e serviços e sua inserção no campo da administração e do marketing

  • Para os estudiosos do urbano, as relações das atividades terciárias com a demanda devem ser compreendidas no seu rebatimento espacial, pois tais atividades são ao mesmo tempo causa e consequência do deslocamento de pessoas, bens e serviços no território, refletindo-se enfaticamente na qualidade de vida urbana

  • A compreensão do movimento e da intensidade dos fluxos urbanos gerados e atraídos pelas atividades comerciais e de serviços, bem como suas opções locacionais, tem sido objeto de estudo de geógrafos, economistas e urbanistas, ainda que de forma tímida, desde o final do século XIX

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Summary

Conceitos e definições do setor terciário

Tendo em vista a dificuldade inicial dos cientistas em considerar as atividades terciárias como geradoras de valor na economia, uma vez que, no tocante à promoção do desenvolvimento econômico, elas são apontadas como improdutivas, poucos estudos se destinaram a elas até a década de 1980, principalmente no Brasil (VARGAS, 1985; KON, 1992). Embora essa aproximação entre serviços e indústria também apareça em Kon (1999), ela defende que, se boa parte dos serviços às empresas se destina à produção de bens e com ela se confunde, não há mais sentido em uma divisão tradicional entre manufatura e serviços. Outra condição fundamental em alguns tipos de serviços refere-se ao uso intensivo de recursos humanos, que, para além da geração de emprego e renda, oferece uma contribuição decisiva, no caso da dinâmica urbana, por funcionar como um polo gerador de fluxo de pessoas, como são as grandes empresas do setor público e privado, prestadoras de serviços, o que concorre para a vitalidade dos centros urbanos. Portanto, também vão participar dessas transformações tendo em vista a possibilidade de descentralização, tanto da oferta como da demanda (consumidor) conduzida pelos avanços da virtualidade, em que um claro exemplo é o do advento do sistema de oferta de hospedagem realizado pelo sistema AirbnbTM, cujos impactos ainda estão por ser avaliados

O terciário e suas demandas locacionais
Estrutura do terciário
Desenvolvimento varejista planejado e não planejado
Considerações finais
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