Abstract

No presente artigo, discorremos sobre a negacao sentencial e sua relacao com os cliticos pronominais em lingua portuguesa. Para tanto, revisitamos algumas questoes sobre a sintaxe historica do portugues com o intuito de mostrar que, nessa lingua, o operador de negacao – nao – possui natureza diversa dos outros adverbios, mesmo dos negativos, pois, diferentemente dos demais itens adverbiais, nada, a nao ser um pronome clitico, aparece interrompendo a adjacencia entre o operador de negacao – nao – e o verbo . Tal caracteristica do operador de negacao sentencial, em portugues, e bastante antiga, remonta ao portugues antigo e perdura nas variantes atuais do portugues na Europa e na America. Entre outros fatos, a capacidade de licenciar elipse na oracao coordenada e a relacao da negacao sentencial com os cliticos pronominais e com indefinidos negativos compoem alguns dos argumentos para defender uma hipotese em favor da estrutura em que um nucleo funcional com conteudos polares (negacaoe afirmacao) domina as categorias flexionais do verbo. Para explicar as diferencas sintaticas percebidas na relacao entre a negacao e o clitico no tempo e no espaco da lingua, argumentamos que estas estao relacionadas a natureza da posicao pre-verbal e as diferentes possibilidades de alcamento do pronome clitico na historia do portugues. Seguindo a argumentacao, consideramos que as diferencas entre Portugues Europeu (PE) e Portugues Brasileiro (PB) atuais podem estar associadas a um pronome clitico ao verbo lexical, em PB, e nao a um nucleo funcional da flexao verbal, como parece ser o caso em PE.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call