Abstract

Desde o início do século XX, o cinema e a Psicologia tornaram-se uma presença constante nas sociedades capitalistas e, de modo particular, nas grandes cidades, inscrevendo-se no cotidiano das populações. Que efeitos a exibição cinematográfica produziu e produz na constituição dos sujeitos? Como a Psicologia se posiciona perante as transformações subjetivas que o cinema provoca? O objetivo deste artigo consiste em examinar a trajetória da Psicologia que, reafirmando sistematicamente a unidade do sujeito no conceito de personalidade, perde de vista a multiplicidade inerente à subjetividade que o cinema evidencia. De modo complementar, cabe ainda identificar os processos de subjetivação que ganham suporte à medida que o cinema se populariza. A análise dessa relação entre cinema e psicologia justifica-se pela forte presença do cinema nas sociedades atuais, incidindo nos processos de subjetivação. Tais processos podem ser caracterizados como uma multiplicidade de efeitos irredutíveis a uma unificação, uma vez que o cinema possibilita múltiplas identificações simultâneas e com diferentes personagens. Para a realização deste estudo foi adotado o procedimento de pesquisa de natureza qualitativa voltado para a compreensão das relações entre o cinema e a Psicologia em uma perspectiva histórica. Como resultado parcial desta pesquisa teórica, chegou-se à constatação de que no decorrer do século XX a Psicologia transformou-se, adotando concepções de personalidade nas quais a multiplicidade prevalece. Assim, emergem vertentes teóricas que admitem que a heterogeneidade e a complexidade dos sujeitos não são compatíveis com o enfoque unificador da personalidade que prevalecia na Psicologia desde o início do século.

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