Abstract

Descrevem-se achados morfológicos de lesões traumáticas em animais de vida livre provenientes de uma área desmatada no estado do Ceará. Durante quatro meses, foi percorrida uma área de aproximadamente 400 hectares, na região do Baixo Jaguaribe, Ceará, Brasil. À medida que eram coletados, os animais eram encaminhados para identificação. Foram coletados apenas os animais encontrados mortos e, posteriormente, foram alocados em grupos de lesões pré-estabelecidas caraterizadas como: fraturas únicas, fraturas múltiplas, lesões craniais, mutilação, alterações cadavéricas, sem alterações, outros. Foram encontrados 342 animais, dos quais 96,78% corresponderam a répteis, 1,46% a anfíbios e 1,75% a mamíferos. Dentre os répteis, as famílias Amphisbaenidae (91), Teiidae (59), Dipsadidae (57) e Tropiduridae (35) foram as mais afetadas, enquanto anfíbios (Hylidae e Leptodactylidae) e mamíferos (Didelphidae, Dasypodidae e Caviidae) foram os menos observados. Lesões traumáticas equivaleram a aproximadamente 54% das lesões observadas, e corresponderam a fraturas, mutilações e politraumatismos. Considerando-se as fraturas e traumatismos, observou-se que aproximadamente 80% dessas categorias acometiam as regiões abdominal, pelve, membros posteriores e cauda, categorizando-se como traumatismo espinal-medular. Essas lesões podem ser observadas em animais domésticos decorrentes do atropelamento, contudo, são pouco descritas em animais silvestres e podem estar associadas a atividades antrópicas diversas, como o desmatamento. Este trabalho pode contribuir para estudos futuros sobre os indicadores do desequilíbrio ambiental. O diagnóstico patológico em animais de vida livre é um importante indicador de alterações ambientais e pode auxiliar no controle de óbitos nesses indivíduos.

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