Abstract
RESUMO As elites simbólicas perpetuam as formas mais importantes de racismo, o que aponta a importância de nos dedicarmos à análise de como discursos racistas são construídos, com foco específico no discurso da elite branca e, neste trabalho, da branquitude soteropolitana conforme plasmada por estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para tanto, reunimos dados, gerados na UFBA, oriundos de questionários abertos e grupo focal com estudantes de graduação. Nesta análise discursiva crítica (ADC), utilizamos recorte de uma pesquisa mais ampla, na qual se investigou a percepção da branquitude por discentes autodeclarados/as brancos/as da UFBA. Nossa análise sugere que a percepção do privilégio branco, mesmo quando afirmada, é permeada de ideias que podem fundamentar práticas e/ou discursos racistas, e que a representação de mulheres negras ainda é calcada em estereótipos socialmente construídos numa sociedade fortemente racista como a nossa.
Highlights
Symbolic elites perpetuate the most critical forms of racism, which points to the importance of the analysis of how racist discourses are constructed, with a specific focus on the white elite
Van Dijk (2008) ressalta que tal processo não é automático nem determinante, já que é possível questionar as ideologias às quais se está exposto/a e, consequentemente, construir opiniões diferentes ou ideologias alternativas
A linguagem, portanto, pode ser entendida como um elemento do social em todos os níveis: toda língua é uma estrutura de significação; as ordens de discurso estão ordenadas nas práticas sociais; e os eventos sociais materializam esse potencial em textos
Summary
Angela Davis (2016) ressalta a importância de estudos históricos sobre as experiências das mulheres negras escravizadas, o que, para a autora, poderia esclarecer não só a atual luta das mulheres negras, bem como a busca por emancipação de todas as mulheres. Evidentemente, Davis (2016) se refere à escravização de mulheres negras nos Estados Unidos, mas, a despeito das diferenças, há também semelhanças em relação à escravidão brasileira, mais especificamente no que se refere à escravização de mulheres negras no Brasil. Giacomini (1988) também discute os papéis sociais e sexuais de mulheres negras escravizadas no Brasil, assumindo como Davis a necessidade da compreensão histórica para olhar o presente das mulheres negras na sociedade brasileira contemporânea. É impossível não estabelecermos uma relação entre a condição das mulheres negras escravizadas do período colonial e as mulheres negras contemporâneas assalariadas e, muitas vezes, ocupando posições subalternizadas, como de empregadas domésticas ou babás, heranças diretas das relações entre casa grande e senzala. Obviamente, ao se construírem essas imagens e papéis racializados vinculados à negritude, no mesmo passo se sedimentam práticas e discursos de branquitude, comportamentos reproduzidos muitas vezes de forma inconsciente, mas que vão cristalizando entendimentos de como é ou deve ser entendido o mundo social
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