Abstract

Este artigo apresenta um estudo sobre modalidade bulética em Karitiana (Tupi) à luz dos fundamentos teóricos da semântica formal. Assumiremos que modalidade é a categoria do significado relacionada à expressão de possibilidades e necessidades (VON FINTEL, 2006). Há vários tipos de modalidade. A modalidade bulética está relacionada aos desejos/vontades de um indivíduo. Investigaremos as diferentes formas pelas quais a língua Karitiana gramaticaliza a expressão de desejos e vontades. Neste artigo, analisaremos três estruturas que são empregadas para veicular modalidade bulética: (i) o morfema desiderativo -wak; (ii) o verbo pyting; e (iii) o verbo py’eep. Esse artigo é relevante na medida em que é o primeiro trabalho especificamente sobre modalidade bulética em Karitiana. Além disso, algumas características da gramaticalização da modalidade bulética em Karitiana contribuem para o debate teórico em torno da semântica dos verbos que expressam tal modalidade. Comparamos propostas nas quais esses são verbos de atitude proposicional (VON FINTEL e HEIM, 2011; VON FINTEL e IATRIDOU, 2017) com propostas nas quais esses verbos tomam indivíduos (KRATZER, 2006; KRATZER, 2016). As propriedades morfossintáticas dos verbos em Karitiana parecem corroborar a proposta que eles não são proposicionais; no entanto, mostraremos que apenas uma análise proposicional fornece uma semântica adequada para eles.

Highlights

  • This paper presents a study about bouletic modality in Karitiana (Tupi) within the theoretical background of formal semantics

  • Uma sentença expressará modalidade bulética quando tratar dos possíveis cenários compatíveis com os desejos de um indivíduo

  • O verbo ‘querer’, em (4b), indica que em todos os mundos possíveis compatíveis com os desejos da Maria, está chovendo

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Summary

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta seção apresenta alguns pressupostos da semântica formal que embasam a análise feita nesta pesquisa. Nesse paradigma, modalidade está relacionada com a expressão de necessidades e possibilidades (KRATZER, 1991; VON FINTEL, 2006). O verbo ‘querer’, em (4b), indica que em todos os mundos possíveis compatíveis com os desejos da Maria, está chovendo. A proposição ‘estar chovendo’, expressa pelas orações subordinadas em (4), pode ser representada pelo conjunto P de mundos possíveis w’ nos quais está chovendo como ilustrado abaixo. A operação semântica que um verbo de atitude proposicional como ‘querer’ faz é relacionar o conjunto de mundos possíveis dos desejos (D) ao conjunto de mundos possíveis (P) nos quais a proposição p é verdadeira, de forma que o primeiro seja um subconjunto do segundo, como mostra a figura abaixo:. (10) ⟦que esteja chovendo⟧ = λx.∀w’[compatível(x)(w’) → está chovendo em w’] Lê-se: ‘que esteja chovendo’ é um predicado que toma como argumento um x e afirma que para todo mundo w’, se x é compatível com w’, então está chovendo em w’. A próxima seção apresenta algumas características da gramática do Karitiana que são relevantes para o entendimento dessa análise

A LÍNGUA KARITIANA
METODOLOGIA
ANÁLISE
O SUFIXO -WAK
O VERBO PYTING
O VERBO PY’EEP
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS

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