Abstract

Em 1974 Roland Barthes, François Wahl, Philippe Sollers, Julia Kristeva e Marcelin Pleynet passam um mês na China de Mao Tsé-Tung. O “grupo de Tel Quel”, como era visto, visita o país sob a tutela da Agência Luxingshe, que também providencia dois guias e tradutores para acompanhar os visitantes. Tendo por fio condutor os Cadernos da viagem à China([1974] 2009) e o artigo “E então, China?” (1974) de Barthes, procurarei identificar, descrever e interpretar a presença do estrangeiro chinês aos olhos do escritor francês, por meio de suas formulações espacial e linguística, bem como das descrições dos chineses. Dessa leitura, num grau mais abstrato, serão objeto de reflexão situações de exercício de autoridade e de busca pela alteridade, marcando a atualidade dos gestos barthesianos de repulsa à primeira e de busca pela segunda. Os pontos de vista de Barthes serão contrapostos aos de seus colegas de viagem, que também reportaram suas impressões uma vez de volta à França. Como a China é apreendida pela trama textual das narrativas de viagem e pelo discurso dos membros do grupo? Quais aspectos convergem e quais divergem nesses múltiplos olhares sobre o mesmo objeto, o Estrangeiro, particularmente, chinês, num momento de autoritarismo político e ideológico?

Highlights

  • In 1974 Roland Barthes, François Wahl, Philippe Sollers, Julia Kristeva and Marcelin Pleynet spend a month in Mao Zedong’s China

  • As notícias diárias sobre os naufrágios no Mar Mediterrâneo e as tensões nas fronteiras brasileiras e estadunidenses, matando milhares de pessoas que fogem de guerras, de perseguições políticas e da miséria, mostram insistentemente que autoridade e alteridade frequentam o léxico político no momento atual : plebiscitos como o que resultou na opção de saída do Reino Unido da União Europeia (2016) e eleições de políticos com discursos xenófobos declarados ou disfarçados de nacionalismo, como as de Donald Trump nos Estados Unidos (2016) e de Jair Bolsonaro no Brasil (2018), dentre tantos outros, mostram que grande parte das populações simplesmente não está disposta a acolher o Outro

  • Quando pouco a pouco começaram a chegar à França notícias sobre os campos de trabalho forçado na Rússia, para onde eram enviados os dissidentes do regime comunista, a dúvida se instaurou na esquerda francesa, que até então tinha no Partido Comunista Francês (PCF) um dos bastiões da ideologia anticapitalista

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Summary

Introduction

In 1974 Roland Barthes, François Wahl, Philippe Sollers, Julia Kristeva and Marcelin Pleynet spend a month in Mao Zedong’s China. “alteridade” tem sua origem em alter, compreendido não só como outro ou diferente, mas igualmente como alteração e mudança.

Results
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