Abstract

O caráter coeso é um atributo característico de horizontes subsuperficiais que, quando secos, apresentam consistência muito dura e extremamente dura, passando a friável ou firme quando úmidos. A formação desses horizontes, entretanto, ainda é um assunto polêmico, não estando completamente esclarecida. O objetivo deste trabalho foi realizar uma caracterização química, mineralógica e micromorfológica de solos coesos, visando entender a sua gênese e definir características que possam complementar a definição do caráter coeso no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Quatro perfis de solos foram coletados na região dos tabuleiros costeiros de Alagoas, envolvendo um Argissolo Amarelo, um Argissolo Acinzentado e dois Latossolos Amarelos. Os solos foram descritos morfologicamente, e as amostras dos horizontes coesos e não coesos foram coletadas para execução de análises químicas de Fe, Al e Si por extração com DCB, oxalato, CaCl2 e água quente, análises mineralógicas por DRX e caracterização micromorfológica. Os solos apresentaram baixos teores de Fe, com domínio das formas de baixa cristalinidade e predominância de caulinitas com moderado a alto grau de desordem estrutural em todos os horizontes. Não foi observada, nos horizontes coesos, tendência de aumento dos teores de Al e Si extraídos com DCB e oxalato, indicando que a sua gênese não se deve à presença de agentes cimentantes. Os resultados das análises mineralógicas e micromorfológicas sugerem que a gênese do caráter coeso apresenta duas fases distintas, sendo formado inicialmente pelo entupimento dos poros decorrente da iluviação de argila fina, havendo posteriormente uma perda de Fe na parte superior, que colapsa a estrutura e provoca um ajuste face a face da caulinita.

Highlights

  • Nesses horizontes, o adensamento é caracterizado pelo aumento da densidade do solo e redução da porosidade total em relação aos horizontes adjacentes, apresentando-se muito duros ou até extremamente duros, quando secos, e friáveis ou firmes, quando úmidos (Ribeiro, 1996; Jacomine, 2001)

  • Os solos apresentaram baixos teores de Fe extraído pelo ditionito-citrato-bicarbonato (Fed; Quadro 1), devido aos baixos teores desse elemento no material de origem

  • Apesar da baixa presença de goethita, inferida pelos baixos teores de Fed, os solos apresentam expressiva coloração amarelada, indicando a ausência de hematita

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Summary

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os solos apresentaram baixos teores de Fe extraído pelo ditionito-citrato-bicarbonato (Fed; Quadro 1), devido aos baixos teores desse elemento no material de origem. As correlações significativas entre os valores de Feo e Alo (r = 0,78; p ≤ 0,05), Alo e Sio (r = 0,63; p ≤ 0,05) sugerem a presença nos solos de outras formas de alumínio, como óxidos ou hidróxidos de Al amorfos, óxidos de Fe de baixa cristalinidade, contendo Al em sua estrutura, e aluminossilicatos amorfos. Os valores de Si extraídos em cloreto de cálcio (SiCaCl2) e em água (SiH2O) (Quadro 1) tenderam a diminuir com a profundidade, sugerindo a não participação de Si na forma de H4SiO4 (em solução) na gênese dos coesos e fragipãs. Apesar da baixa presença de goethita, inferida pelos baixos teores de Fed, os solos apresentam expressiva coloração amarelada, indicando a ausência de hematita

Análises mineralógicas
Grau de cristalinidade das caulinitas
Caracterização micromorfológica
LITERATURA CITADA
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