Abstract
O presente artigo tem por objeto o problema das relações entre agentes sociais, posições políticas e os modos de significação dos acontecimentos que marcaram a transição entre regimes políticos no Brasil de fins do XIX. A partir de um conjunto de produções simbólicas situadas, a análise centra-se no exame dos sentidos atribuídos e das explicações acionadas para a queda do regime monárquico e ascensão do republicano. O objetivo geral é apreender as representações que embasam os modos legítimos de reivindicação de acesso aos cargos e oportunidades abertas pelo novo regime em instalação.
Highlights
Atacar o que veio depois, isto é, a República inaugurada em 1889” (STEIN, 1964, p. 101)
Mesmo para aqueles que conseguiram reconverter seus recursos para outros domínios de atividade, ou os que mantiveram suas posições previamente conquistadas através da adesão aos novos grupos no poder, a República representou um aumento relativo na competição pelos postos e a ascensão de novos princípios de hierarquização, cujos efeitos foram sentidos de modos distintos nas trajetórias
O peso de determinados recursos e os efeitos de trajetória decorrentes da transição entre a Monarquia e a República são dependentes das bases sociais sobre as quais se assentam as pretensões de carreira e suas condições de efetivação
Summary
Resumo: presente artigo tem por objeto o problema das relações entre agentes sociais, posições políticas e os modos de significação dos acontecimentos que marcaram a transição entre regimes políticos no Brasil de fins do XIX. As lutas pela definição da “política” estão travestidas pelos esforços de associação entre regime político e princípios de excelência e hierarquização social, assim como pelos próprios modos de legitimação do exercício do poder. O conjunto de temas elencados por Ottoni, de modo mais ou menos direto, compõem a produção simbólica dos anos iniciais da República e balizam as disputas pelos sentidos atribuídos a eles, e consequentemente, seus efeitos para a transição entre regimes. Um dos pontos centrais de inscrição das tomadas de posição é a oposição entre as filosofias sociais e da história que fundamentam as produções simbólicas, assim como suas relações com os modelos de organização política e social em disputa. O confronto entre meios de acesso aos cargos (escolha imperial versus eleições), e a estabilização de seu exercício por meio de mandatos formalizados, garantidos pela instauração da República, vem coroar a ascensão da “legitimidade eleitoral” em oposição aos “arbítrios” do “poder pessoal” vigentes no Império
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