Abstract

O objetivo desse artigo é apresentar uma leitura crítica das notas paratextuais da obra À la Recherche du Temps Perdu, de Marcel Proust, na primeira tradução integral brasileira, a qual possui como particularidade o fato de ter sido assinada por eminentes escritores-tradutores, a saber, Mario Quintana, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Lucia Miguel Pereira, de modo a identificar a função exercida pelas notas na tradução de cada escritor-tradutor, contemplando, dessa forma, a unidade discursiva da Recherche. Para tanto, serão utilizadas como base teórica a obra de Gérard Genette, Paratextos editoriais (2009), bem como obras de autores que se debruçaram sobre o contexto histórico brasileiro da época, como os editores Bertaso (1993) e Verissimo (1996), entre outras.

Highlights

  • À la Recherche du temps perdu, de Marcel Proust, é, sem dúvida, uma das obras mais estudadas da Literatura Francesa, fato que a coloca na categoria de cânone, conforme defende Antoine Compagnon (1992) ao propor que Proust fosse tomado como maior autor nacional, à semelhança de Dante para os italianos ou Shakespeare para os ingleses

  • The purpose of this article is to present a critical reading of the footnotes of Marcel Proust's À la Recherche du Temps Perdu, in the first Brazilian translation, which has as a particularity the fact that it has been signed by eminent writers-translators, namely, Mario Quintana, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade and Lucia Miguel Pereira, in order to identify the function exerted by the notes in the translation of each writer-translator, contemplating Recherche's discursive unit

  • De acordo com Sostero (2015), foi preciso que Marcel Proust ganhasse o prêmio Goncourt, em 1919, pelo segundo volume da Recherche, À l’ombre des jeunes filles en fleurs, para ver sua obra sair do recluso círculo do faubourg Saint-Germain e atingir um público maior na disputada cena literária parisiense

Read more

Summary

As notas de rodapé e a visibilidade tradutória

Conforme constata Gérard Genette, a obra literária “raramente se apresenta em estado nu, sem o reforço e o acompanhamento de certo número de produções, verbais ou não, como um nome de autor, um título, um prefácio, ilustrações” (GENETTE, 2009, p. 9), sobre as quais paira, frequentemente, a dúvida quanto a seu pertencimento ao texto. A esse respeito, cito o caso de Lucia Miguel Pereira, a quem fora negado o uso de notas de rodapé em diversas ocasiões durante a tradução do sétimo e último volume da Recherche, tais como quando a escritora-tradutora tentou justificar o título do volume, O Tempo Redescoberto, com o qual não concordava de modo algum, ou ainda quando buscou indicar na sua tradução a existência de outra edição mais nova e revisada da Recherche, publicada em 1954 e organizada por Pierre Clarac e André Ferré, ocasiões em que os editores negaram à escritora-tradutora o uso da nota de rodapé, exigindo que Pereira limitasse seu uso a questões de ordem interna ao texto, levantando, com isso, o questionamento quanto à função das notas, bem como sobre os limites do paratexto.

Considerações finais
Corpus analisado
Obras citadas
Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call