Abstract

Este artigo apresenta parte de uma pesquisa realizada em nível de mestrado e que objetivou compreender de que forma raça e gênero se interseccionaram nas memórias acionadas sobre as experiências vividas por trabalhadoras assentadas da Fazenda Sururu de Queiroz, Varzedo/BA. Para isso, acionamos o feminismo negro e descolonial como ancoragem teórico-política para demarcar que as múltiplas opressões sofridas pelas mulheres negras estão interligadas com raça e gênero, o que implicou em visibilizar o racismo, o sexismo e o biocapitalismo nas histórias de vidas destas mulheres, bem como as suas estratégias infrapolíticas como resistências em ecos das nossas ancestralidades. No âmbito metodológico, apresentamos uma abordagem de pesquisa qualitativa, de modo a priorizar o reconhecimento do território e a escuta da narrativa de mulheres negras campesinas da Fazenda Sururu. Assim, o trabalho de campo contou com visitas à comunidade e com entrevistas semiestruturadas para que as escutas das narrativas das mulheres negras campesinas fossem potencializadas. As leituras de mulheres negras intelectuais são imprescindíveis para entendermos o processo de desumanização de mulheres negras engendrado pelo capitalismo e o patriarcado. As narrativas demonstram as cosmovisões e as resistências infrapolíticas que fraturam o capitalismo, o eurocentrismo e a modernidade, agenciando e fortalecendo os legados comunitários.

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