Abstract

A incidência de indústrias papeleiras na região de Três Lagoas, a partir de 2009, trouxe uma série de compromissos e consequências aos assentados da reforma agrária. Com a oferta de isenções fiscais ilimitadas, financiamento público via BNDES e outros programas e projetos de fomento industrial, as indústrias se estabeleceram e iniciaram os processos para duplicação de suas plantas industriais. Já, os assentados ficam à mercê, pois, não têm condições de obter acesso a investimentos, nem a financiamentos dos bancos públicos e demais agências de fomento. Nessa perspectiva, a única fonte de financiamento da produção agrícola familiar acaba sendo as próprias papeleiras, por meio de seus PDS – planos e programas de desenvolvimento sustentável. Apenas no assentamento onde se desenvolveu a empiria há 181 lotes, mas, menos de 20 foram beneficiados pelos financiamentos. Nesse sentido, a forma e o modelo de financiamento, a velocidade e volume de recursos aportados ficam à discricionariedade absoluta e exclusiva das próprias papeleiras, o que repercute social e economicamente entre os assentados, criando como que uma zona de aprisionamento dos assentados às papeleiras, aqui denominadas cativeiros de papel.

Highlights

  • Resumen: La incidencia de industrias papeleras en la región de Três Lagoas, a partir de 2009, trae serie de compromisos y consecuencias a los asentados de la reforma agraria

  • Los asentados se quedan a merced, pues, no tienen condiciones de obtener acceso a inversiones, ni a financiamientos de los bancos públicos y demás agencias de fomento

  • O processo agroindustrializante submetido ao Brasil nas últimas décadas e, em especial, ao Mato Grosso do Sul, é revelador de uma tomada de sentido com relação à reprodução do espaço territorial e dos meios inerentes à produção, com consequências socioambientais graves, como um todo

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Summary

OPEN ACCESS

As duas maiores papeleiras do mundo e seus cativeiros de papel: reflexões sobre o caso de um assentamento localizado no Bolsão Sul-mato-grossense. Las dos papeleras más grandes del mundo y sus prisiones de papel: reflexiones sobre el caso de una posesión rural ubicado en el bolsillo del Mato Grosso do Sul. Recebido em: 27 jul. Os assentados ficam à mercê, pois, não têm condições de obter acesso a investimentos, nem a financiamentos dos bancos públicos e demais agências de fomento. A forma e o modelo de financiamento, a velocidade e o volume de recursos aportados ficam à discricionariedade absoluta e exclusiva das próprias papeleiras, o que repercute social e economicamente entre os assentados, criando como que uma zona de aprisionamento dos assentados às papeleiras, aqui denominadas cativeiros de papel.

Aurora das papeleiras e o falso mantra da prosperidade infinita
Cativeiros de papel
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