Abstract

Este estudo visa analisar a atribuição de género gramatical em derivados sufixados do português por aprendentes tardios, nativos de espanhol, a frequentar turmas de diferentes níveis de aprendizagem, de A1 a C2. No inquérito aplicado, foram selecionados nomes de evento, de estado e/ou de propriedade, portadores de sufixos inscritos em classes temáticas marcadas por grande opacidade, como os nomes atemáticos, sufixados em -agem, os de Tema ø ([ɐ̃w̃]), sufixados em -ão, ‑ção e -s[z]ão e os de Tema ‑e (invariável), sufixados em -ice e -idade. Partindo da análise dos dados empíricos, registou‑se, em termos globais, uma diminuição considerável de desvios à medida que os aprendentes progridem na aprendizagem do português, já que no segmento dos informantes dos níveis C1-C2, os valores de desvios apurados foram residuais. Verificou-se ainda, e sobretudo nos níveis iniciais e intermédios, uma elevada incidência de desvios nos nomes femininos sufixados em -agem que estará correlacionada com o facto de o cognato espanhol -aje originar nomes de género masculino. Assim, esta assimetria traduz-se, especialmente em fases iniciais da aprendizagem, por efeitos de transferência linguística no desempenho destes aprendentes. Além disso, os elevados índices de desvios apurados entre os nomes sufixados em ‑ice e também entre os itens sufixados em -ão são reveladores de que o grau de representatividade e de opacidade do sufixo no input condicionam a atribuição de valores de género aos nomes.

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