Abstract

Gaston Bachelard (1884-1962), um filósofo como ele se auto-denomina de "dupla natureza", pensador de campos do conhecimento tão díspares como a epistemologia da ciência e a metafísica da imaginação poética, reclama uma leitura da dualidade e da complexidade da sua vida e obra. Desse modo, o objetivo deste artigo é investigar a relação dialógica entre a epistemologia da ciência e a metafísica da imaginação poética, dois delineamentos opostos, concorrentes e complementares da filosofia de Bachelard, freqüentemente expressos pelos epítetos "diurno" e "noturno". Para estudarmos a relação entre essas duas vertentes do pensamento de Bachelard, partimos da análise da ambivalência dos seguintes pares de conceitos: obstáculo epistemológico & imaginação material e psicanálise do conhecimento & método fenomenológico, que estruturam, teoricamente no primeiro par e, metodologicamente no segundo, sua epistemologia da ciência e sua metafísica da imaginação poética. Os dados obtidos permitem concluir que a sutura entre a epistemologia científica e a metafísica poética de Bachelard está representada em seu conceito de "homem das 24 horas". Esse homem complexo, andrógino, leitor e pensador das idéias científicas e da gênese poética, parece ser uma imagem conciliadora das antinomias expressas nas faces diurna e noturna da filosofia bachelardiana. Ampliando a análise imagética do "homem das 24 horas", por meio de uma hermenêutica mitanalítica, encontramos as duas faces da filosofia de Bachelard configuradas, respectivamente, pelos mitos de Apolo-Prometeu e Dioniso.

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