Abstract
Os espirituais, spirituales vocat, são aqueles que se submetem ao Espírito e em tudo procedem segundo a razão. Não há uma distinção entre a submissão ao Espírito e vida racional, pois só exercitam a reta razão os que vivem os conselhos do Espírito. Esta afirmação é baseada em Irineu de Lião (130-208), no livro V da Adversus haereses, na qual, finalizando a refutação à “pseudognose”, apresenta algumas doutrinas para converter os hereges, reconduzir os afastados e fortalecer a fé dos neófitos. Mas esta antropologia-espiritual, ou seja, a ação Espírito no ser humano, de Irineu demonstra uma influência do contexto cultural filosófico do século II, marcado por uma interpretação espiritual do platonismo, chamado médio-platonismo. O objetivo dessa pesquisa é analisar a ação do Espírito e o uso da razão no ser humano que o faz espiritual, a partir de Irineu, e as influências pelo contexto cultural-filosófico. A metodologia será qualitativa, tendo como base um método bibliográfico exploratório e a hermenêutica das fontes e dos textos. Portanto, buscar-se-á com a leitura do livro V de Irineu, e sua interpretação, com base em comentadores, apresentar a antropologia- spiritual de Irineu e as influências do contexto filosófico-cultural.
Highlights
The spiritual, spirituales vocat, are those who submit to the Spirit and in everything proceed according to reason
There is no distinction between submission to the Spirit and rational life, for only those who live the counsels of the Spirit exercise right reason. This statement is based on Irenaeus of Lyons (130-208), in Book V of the Adversus Haereses, in which, ending the refutation to “pseudognose”, presents some doctrines to convert the heretics, to reconcile the estranged and to strengthen the faith of the neophytes
That is to say the action Spirit in the human being, of Irenaeus demonstrates an influence of the culture-philosophical context of the second century, marked by a spiritual interpretation of the Platonism, called half Platonism
Summary
Irineu de Lião (130-208 d.C.) mostra-se um fruto do emaranhado cultural, social, político e religioso desenvolvido no início da era cristã (séculos I-II). Depois da apresentação das teorias gnósticas no primeiro livro, trazendo como base o sistema de Valentim e as doutrinas de Marcos, o mago, Irineu inicia a refutação e argumentação contra as teses gnósticas nos quatro livros subsequentes, mas, de modo especial, no quinto livro complementa essa confutação com temas específicos da teologia cristã. Na segunda parte [15-24] o bispo de Lião apresenta o tema da identidade criadora de Deus e Pai de Jesus Cristo, por meio de três relatos das Escrituras: o cego de nascença (Jo 9) que recupera a vista pelas “mãos de Deus” que modelou o ser humano do barro e no sinal taumatúrgico Jesus repete este gesto divino da criação; a crucifixão de Jesus que cura a ferida da desobediência aberta por Adão; a fidelidade de Jesus à Lei e às Escrituras que vence o diabo no deserto e abre ao ser humano o caminho fechado por Adão que deixou-se levar pelo erro. Neste quinto livro também se torna presente a visão milenarista[11] comum aos padres de Igreja dos primeiros séculos[12]
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