Abstract

Antonio Tabucchi, escritor italiano falecido em 2012, ganhou notoriedade pela tradução, pesquisa e difusão da obra de Fernando Pessoa. Como ficcionista, alcançou êxito a partir da década de 80 com a publicação de livros como O jogo do reverso (1981) e Afirma Pereira (1994). Desde então, destacou-se no cenário dos grandes nomes da literatura contemporânea com uma extensa e variada produção literária traduzida para diversas línguas e com adaptações para o cinema. Seus textos, permeados de características do pós-modernismo, apresentam-se ao leitor como um retrato da observação da realidade e dos sujeitos em constante transformação e instabilidade. Exemplo disso é o texto aqui destacado, “Bom como você é”, que compõe a obra Está ficando tarde demais, publicada em 2001. Desenvolvido em forma de epístola, a carta problematiza uma das facetas mais presentes e mais passíveis de mudanças na vida humana: o sentimento amoroso. Assim, o artigo tem por objetivo refletir sobre a obra de Tabucchi, investigando seus diálogos com a pós-modernidade e a forma com que aborda questões tipicamente contemporâneas como a fragilidade das relações, a inconstância que cerca o indivíduo e a fluidez das identidades.

Highlights

  • O “maior autor de língua italiana contemporânea”

  • No Brasil, Leyla Perrone Moisés, ao comparar a modernidade e a pós-modernidade, afirma que essa última é muito mais difícil de ser definida por conceitos ou examinada a partir de práticas particulares, o que se deve tanto a sua heterogeneidade e indeterminação de princípio quanto a sua condição de algo que está sendo feito “agora mesmo”, algo que ainda não nos oferece, e nem pretende oferecer, nenhuma perspectiva futura. (PERRONEMOISÉS, 1998, p. 188-189)

  • Dessa forma, Tabucchi relativiza as verdades tidas como absolutas e os pontos de vista consensuais sobre os sujeitos e situações, inclusive sobre o amor, algo amplamente explorado ao longo de todas as cartas que compõem o livro Está ficando tarde demais

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Summary

Introduction

O “maior autor de língua italiana contemporânea”. É assim que Ignácio de Loyola Brandão se referiu ao amigo e tradutor de Zero, Antonio Tabucchi, em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 2012, na ocasião da morte deste. A instabilidade dos vínculos afetivos e a facilidade do esfacelamento das uniões que, em nossa época, ocorrem por motivos cada vez mais banais e com uma rapidez assustadora é também enfocada no conto-carta “Bom como você é”.

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