Abstract

À luz da análise morfossintática, o estudo, alicerçado no aporte da Teoria da Variação e Mudança (Weinreich; Labov; Herzog, 1968 [2006]), visa analisar a pronominalização e a ordem pronominal na música Kizomba moçambicana, bem como refletir sobre a apropriação de estruturas irreconhecíveis pela norma padrão europeia, com vista a construir hipóteses de possível busca de autonomização do falar dos moçambicanos. Assim, esse trabalho busca contribuir na descrição do Português de Moçambique (doravante, PM) nos diversos meios do seu uso e na construção de reflexões sobre o seu atual cenário. Para tanto, recorremos à sete (7) letras da música Kizomba de sete (7) músicos moçambicanos, acessadas no site Letras; no quadro teórico-metodológico usado foi importante o uso do programa computacional Goldvarb X (Robinson; Lawrence; Tagliamonte, 2001) para análises percentuais. Os resultados mostram uma pronominalização “desviada”, principalmente, na faixa etária dos 17-24 anos e uma categórica ou absoluta ocorrência da próclise, tanto em estruturas verbais simples quanto em complexas, independentemente de qualquer contexto frásico ou morfossintático. Esses resultados fazem-nos refletir que muito possivelmente seja, para os músicos, forma de ingresso ao contexto social de Moçambique, de afirmação identitária e de busca pela autonomia da variedade moçambicana, rompendo, deste modo, a cultura de língua padrão que desde muito vem assolando a comunicação dos moçambicanos.

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