Abstract

A partir de uma pesquisa em fontes primárias das instituições centrais associadas à imigração judaica em São Paulo e Rio de Janeiro, este artigo mostra como, durante o Estado-Novo e a Segunda Guerra Mundial, as entidades judaicas funcionaram de forma corriqueira, adaptaram-se às restrições nacionalistas do governo Getúlio Vargas e, muitas vezes, engendraram estratégias sofisticadas para enfrentar a lei e a ideologia. Esta perspectiva de história social e do cotidiano evidencia, portanto, uma leitura distinta daquela que - analisando exclusivamente a lei, a ideologia e o preconceito do regime Vargas - considera que havia um clima de medo e perseguição generalizado entre os imigrantes judeus residentes no País. Este artigo mostra, complementarmente, que 1937-1945 foram anos decisivos para a implantação de uma comunidade etnicamente ativa e para a sedimentação de uma identidade judaico-brasileira.

Highlights

  • A partir de uma pesquisa em fontes primárias das instituições centrais associadas à imigração judaica em São Paulo e Rio de Janeiro, este artigo mostra como, durante o Estado-Novo e a Segunda Guerra Mundial, as entidades judaicas funcionaram de forma corriqueira, adaptaram-se às restrições nacionalistas do governo Getúlio Vargas e, muitas vezes, engendraram estratégias sofisticadas para enfrentar a lei e a ideologia

  • This article shows that, during the Estado Novo and World War II, Jewish institutions adapted themselves to Vargas and nationalist restrictions, and created sophisticated strategies to undermine both law and national ideology

  • This social history perspective, based on primary documents from major institutions associated with Jewish immigrants in Sao Paulo and Rio de Janeiro, provides an important corrective to the historiography that focuses on law, elite ideology and prejudice during the Vargas regime, giving the erroneous impression that Jews lived in a climate of fear and generalized persecution in Brazil

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Summary

Roney Cytrynowicz

Do ponto de vista da história contemporânea do Brasil e da história dos judeus no Brasil, o período do Estado Novo, entre 1937 e 1945, e mais especificamente o período da Segunda Guerra Mundial, têm sido abordados predominantemente por interpretações que enfatizam o anti-semitismo e colocam o preconceito e a perseguição como a marca dominante da vida dos imigrantes naquele período. As entidades judaicas realizavam suas atividades com bastante liberdade e pode-se afirmar — evidência empírica da leitura de jornais e atas de entidades daqueles anos — que o anti-semitismo no Brasil não era um tema central de preocupação dos imigrantes residentes no País. Estes não são exemplos excepcionais, mas a corriqueira evidência de que durante os anos do Estado Novo e durante o período da Segunda Guerra Mundial funcionou com liberdade uma variada gama de instituições e atividades judaicas. Em um espaço de não mais do que dois ou três anos, surgiram organizações sionistas, movimentos juvenis, movimentos judaicos de esquerda, jornais e revistas, inúmeras associações de ajuda a refugiados e, em 1946, a Federação das Sociedades Israelitas Brasileiras do Estado de São Paulo, que passou a coordenar as entidades judaicas. A criação da Federação Israelita em 1946 evidencia uma importante passagem para a tentativa de criar em São Paulo uma comunidade centralizada e de orientação sionista

OPORTUNIDADES ECONÔMICAS E ASCENSÃO SOCIAL
DIRETORIA DE FACHADA
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