Abstract

Investigamos neste trabalho os processos de mobilizacao de black blocs para eventos deprotesto, baseados na realizacao de entrevistas semiestruturadas com militantes e observacaoparticipante. Para isso, em primeiro lugar, localizamos os black blocs no campo doautonomismo, chamando atencao para a pluralidade identitaria e cultural autonomista.Em segundo lugar, mapeamos as analises sobre processos de mobilizacao de black blocs,no Brasil e no exterior. Por fim, analisamos o conteudo de nossas entrevistas, amparando-nos, por um lado, na literatura especializada e, por outro, nos temas emergentes dasnarrativas dos entrevistados e na experiencia etnografica. Nossos resultados convergempara a criacao de tres tipos inter-relacionados de mobilizacao de black blocs, orientados(a) pela articulacao de grupos de afinidade; (b) pela organizacao previa e sistematicade blocos; e (c) pela formacao espontânea de blocos a partir do compartilhamento deestados afetivos e da interacao em redes sociais digitais.Palavras-chave: Black blocs; mobilizacao; organizacao.

Highlights

  • Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados

  • No Brasil, recentemente, têm sido destacados tanto na mídia quanto em meio acadêmico, o Movimento Passe Livre (MPL) e a atuação de black blocs

  • Classificamos tais processos em três tipos-ideais: (a) mobilização por grupos de afinidade, um tipo já descrito e analisado em eventos e protestos de grupos como a Animal Liberation Front (ALF) e black blocs europeus e estadunidenses desde os anos 1990 (Katsiaficas, 2006; Graeber, 2009, Dupuis-Déri, 2014, D’Angelo, 2014, entre outros); (b) mobilização organizada, que guarda similitudes com a forma de organização de movimentos sociais, embora prescidam de elementos-chave dessa ação coletiva, a exemplo da identidade compartilhada e a sustentação do conflito com seus opositores (Tarrow, 2009; della Porta e Diani, 2006; Melucci, 1996); e (c) mobilização por redes sociais digitais e ação conectiva, na qual o compartilhamento de emoções, afetos, visões de mundo, em especial via TICs, são fundamentais para a formação dos blocos, como Castells (2009; 2012) e Bennett e Segerberg (2012), por exemplo, observaram em outras ocasiões em que pessoas tomaram as ruas

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Summary

Procedimentos metodológicos e discussão

Os dados que aqui apresentamos foram coletados por duas vias: uma, a da observação participante em encontros de sociabilidade entre ativistas, assembleias, reuniões e eventos de protesto; a outra, a da realização de entrevistas semiestruturadas junto a participantes de blocos em eventos de protesto em Belo Horizonte. Essa escolha pareceu-nos a mais adequada por uma razão em especial: nós não teríamos que definir, a partir de nossas próprias categorias de pensamento, quem era, ou não, constituinte de black blocs, a não ser a primeira pessoa entrevistada. Notamos que maneiras distintas de mobilização e de operacionalização da ação direta, na visão dos entrevistados, correspondiam a percepções distintas sobre si mesmos e, consequentemente, sobre os próprios black blocs. Tabela 1: Perfil dos entrevistados Table 1: Interviewees’ profile ção da ação de black blocs “pioneiros” e pela lógica que Bennett e Segerberg chamam de ação conectiva

Os grupos de afinidade
Comentários finais
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