Abstract

A ópera, uma forma de teatro musical, é a arte da adaptação por excelência, constituída pela integração e fusão de múltiplas linguagens artísticas. A presente pesquisa objetiva refletir sobre a ópera Macbeth (1847-1865), de Giuseppe Verdi (1813-1901), baseada no texto homônimo (1605) de Shakespeare (1564-1616), à luz de perspectivas teóricas de Linda e Michael Hutcheon (2011; 2017), Lars Elleström (2017); Hans Ulrich Gumbrecht (2011) e outras. Assim como Richard Wagner (1813-1883), Verdi foi um dos primeiros compositores preocupados com os aspectos dramáticos e cênicos de suas óperas. São atribuídas a ele diversas inovações, entre elas a formulação do manual da mise-en-scène e a criação de ambiência ou Stimmung. Em relaçãoà ópera Macbeth, Verdi destacou o papel das bruxas por meio de um coro feminino de trinta vozes por acreditar que elas são o elemento propulsor do drama. No início do quarto ato, introduziu o coro dos exilados escoceses com o intuito de expressar seus próprios anseios de liberdade em relação ao movimento de unificação da Itália. As diversas especificidades da ópera verdiana serão discutidas enquanto modelo textual (libreto), composição musical (partitura) e performance dramática (concretização cênica).

Highlights

  • Desde a sua incepção na Itália do século XVI, a ópera é uma forma de arte plurimidiática, constituída pela integração e fusão de diversas linguagens artísticas oriundas da literatura, música, teatro, dança e artes plásticas

  • A abertura, maleabilidade e plasticidade quase infinita dos textos de Shakespeare proporciona inúmeras possibilidades criativas ao artista no percurso intermidiático através do tempo e espaço

  • Quando transformados em roteiros cênicos, fílmicos ou libretos de ópera, o resultado é sempre um novo texto, com diversos graus de aproximação ou distanciamento em relação ao texto-fonte

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Summary

Anna Stegh Camati

Como outras formas de arte, sofreu variações através dos tempos, sendo que o repertório romântico tornou-se a modalidade dominante no século XIX. A ópera romântica privilegiou peças de teatro e romances trágicos como textos-fonte e, consequentemente, a obra de Shakespeare atraiu a atenção de grandes compositores. Existem duas versões diferentes da ópera coro Macbeth, a da estreia no Teatro della Pergola (Florença, 1847), com libreto de Francesco Maria Piave (1810-1876) elaborado a partir da versão em prosa do compositor, e a versão revista e ampliada no Théâtre Lyrique (Paris, 1865), com diversas adaptações e adições ao libreto “original” por parte de Verdi e partes reescritas por Andrea Maffei (1798-1885)

Perspectivas teóricas
Considerações finais
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