Abstract

O presente artigo faz parte de um esforço de compreensão sobre o estado da arte de gestos vocais na canção popular brasileira, tomando como referência sua relação com uma tradição estética observada. Parte-se de uma visada autoetnográfica, que situa o pesquisador-intérprete em relação à pesquisa, além de recorrer às ferramentas conceituais e analíticas ligadas ao universo da Semiótica da Canção, tal como a identificação das Qualidades Emotivas da Voz. Recorre-se lateralmente à Teoria Ator-Rede para compreender a configuração da música popular brasileira por meio dos gestos vocais no aqui e agora dessa tradição. Também como ferramenta acessória à análise cancional, recorremos aos procedimentos de Molina (2014) para compreender a interferência dos momentos musicais e das unidades sonoras como elementos intervenientes na construção do sentido da narrativa cancional. A partir da análise trazida para este artigo, podemos perceber como dois gestos interpretativos (de Caetano Veloso e de Filipe Catto) podem interferir no projeto de compatibilização entre melodia e letra de uma mesma canção (Amor mais que discreto), oferecendo alternativas distintas à sua fruição. No que tange à relação entre a tradição e os gestos vocais contemporâneos, identificamos formas distintas de seu acionamento, que optam por recuperar o passado ora pelo viés crítico, ora por um outro que revela endosso e elogio. Ora através de uma perspectiva parodística, ora por meio do pastiche. Em algum momento celebrando a tradição, noutro questionando e reinventando-a.

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