Abstract

Este artigo examina as relações entre o discurso da justiça e a prática do ritual nos bandos do governo colonial português em Timor Leste, entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Os bandos consistiam em ordens e instruções de comando emanadas pelo governador português em Díli, e comunicadas de forma cerimonial por oficiais às populações dos diversos reinos timorenses dispersos pelo país. Bandos eram um instrumento por excelência de governação colonial dos assuntos indígenas, servindo para arbitrar conflitos, punir transgressões e, em geral, instituir realidades no mundo timorense. Contudo, esta instituição assumiu igualmente uma singular expressão nos usos timorenses, servindo bandos para comunicar também as ordens de autoridades tradicionais, os liurais. O artigo acompanha as variações coloniais e indígenas que os bandos adquiriram em Timor Leste, conceptualizando-os enquanto colectivos de justiça. Ao considerar assim os bandos como colectivos - formações heterogéneas em que elementos linguísticos e não linguísticos se combinam na produção de efeitos de poder sobre as populações - o artigo propõe uma via conceptual alternativa às perspectivas linguísticas e literárias de análise do discurso colonial.

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