Abstract

Para que a tradução do texto de teatro não perca de vista suas especificidades, é preciso levar em conta todos os elementos de ordem cênica que devem atravessá-la. Essa operação acaba por evocar a condição iterável particularmente sensível nos textos teatrais, os quais devem colocar literalmente em cena o traço citacional que os mobiliza desde o princípio, permitindo, assim, que continuem a funcionar em tempos e espaços completamente distintos daquele em que a peça foi redigida. O objetivo desse artigo é pensar as formas como esse “gênero” de tradução, ao atualizar as potências performativas dos textos a partir da noção de teatralidade, acaba por ecoar uma dimensão ético-estética presente nos pressupostos de certa crítica descrita por Walter Benjamin em O conceito de Crítica de Arte no Romantismo Alemão.

Highlights

  • In order for the translation of theatrical texts not to cause their specificities to be lost, it is necessary to take into account all the scenic elements that should compose it

  • Ao falar sobre sua tradução da peça Incêndios[2], do libanês radicado no Canadá Wajdi Mouawad, a tradutora explica que em seu processo de trabalho, a tradução final, aquela que servirá de base à montagem de determinado diretor, passa por várias versões até encontrar sua forma última

  • Dessa forma, o texto de Visniec não perde sua realidade material, mas afasta-se de qualquer clausura que tentasse regulá-lo a partir da ideia de um original contendo em sua integralidade transparente a partitura dramática a ser transportada para o regime semiótico da cena

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Summary

Rodrigo Ielpo Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO: Para que a tradução do texto de teatro não perca de vista suas especificidades, é preciso levar em conta todos os elementos de ordem cênica que devem atravessá-la. Essa operação acaba por evocar a condição iterável particularmente sensível nos textos teatrais, os quais devem colocar literalmente em cena o traço citacional que os mobiliza desde o princípio, permitindo, assim, que continuem a funcionar em tempos e espaços completamente distintos daquele em que a peça foi redigida. O objetivo desse artigo é pensar as formas como esse “gênero” de tradução, ao atualizar as potências performativas dos textos a partir da noção de teatralidade, acaba por ecoar uma dimensão ético-estética presente nos pressupostos de certa crítica descrita por Walter Benjamin em O conceito de Crítica de Arte no Romantismo Alemão.

Rodrigo Ielpo
SOBREVIDA E ITERABILIDADE COMO PRINCÍPIOS PERFORMÁTICOS
DIMENSÃO PERFORMATIVA DOS ENUNCIADOS E TEATRALIDADE

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