Abstract

Neste trabalho, intenta-se demonstrar como o acontecimento discursivo do impeachment engendra novos sentidos, os quais permitem que o discurso do capital no Brasil possa, através de sua expressão política, realizar reformas de natureza neoliberal. Busca-se analisar os sentidos produzidos pelo discurso da imprensa, correlacionando-o ao golpe-impeachment de 2016 e à ascensão de governos que promovem o desmonte das políticas públicas em educação, cultura, saúde e ciência. O descaso com os direitos sociais e a desconstrução dos investimentos em políticas públicas básicas, como nas áreas da educação e da saúde, que beneficiam a coletividade, são apontadas como consequências deletérias diretas desse processo. Analisa-se, para isso, o discurso imagético que circula em importantes meios de comunicação do país e que representam discursos em defesa de projetos de lei e emendas constitucionais, como o “teto de gastos”, que privilegiam um Estado mínimo. Aponta-se, para este intuito, a Análise do Discurso como a ciência que se ocupa de estudos da ideologia, da história, do sujeito e dos efeitos de sentidos produzidos no e por meio do discurso para operar mudanças na sociedade.

Highlights

  • Este artigo demonstrará a conexão entre o discurso da imprensa e sua ressonância no político a partir do golpe-impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff

  • Ainda que em ambos os acontecimentos a sociedade brasileira tenha permanecido essencialmente a mesma em sua estrutura, tampouco havendo-se alterado o motor de seu funcionamento – a luta de classes, há distinções importantes nos eventos em questão, não apenas referente ao espaço temporal a os separar, mas também no que tange à emergência dos novos sujeitos históricos oriundos de cada impeachment e aos diferentes sentidos por eles manifestos na expressão do político

  • As materialidades discursivas da capa da Veja não apenas noticiam o acontecimento discursivo do impeachment de Dilma Rousseff, em que a Câmara dos Deputados votou pelo afastamento da ex-presidenta da República: atravessada pelo interdiscurso, entendido como “o todo complexo com dominante” de discursos (PÊCHEUX, 2014), e pelo acionamento da memória, a materialidade analisada remete ao processo político de 1992 na era Collor, resgatando elementos como os caras-pintadas, a bandeira brasileira e a predominância das cores verde e amarela

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Summary

Introduction

Ainda que em ambos os acontecimentos a sociedade brasileira tenha permanecido essencialmente a mesma em sua estrutura, tampouco havendo-se alterado o motor de seu funcionamento – a luta de classes –, há distinções importantes nos eventos em questão, não apenas referente ao espaço temporal a os separar, mas também no que tange à emergência dos novos sujeitos históricos oriundos de cada impeachment e aos diferentes sentidos por eles manifestos na expressão do político.

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