Abstract
O presente artigo busca fundamentar a presença da concepção de linguagem de Nietzsche no projeto linguístico de Gilles Deleuze e Félix Guattari. A genealogia nietzschiana propõe a superação das denominações morais afirmando o elemento dionisíaco da vida ao corporificar o devir trágico da linguagem através da figura de Zaratustra. Apropriando-se desse elogio de Nietzsche às metamorfoses do humano, Deleuze e Guattari combatem a dicotomia estrutural da linguística clássica aproximando a linguagem de uma máquina abstrata cujo funcionamento é devedor de um devir minoritário responsável pelos processos da língua.
Highlights
This article seeks to substantiate the presence of Nietzsche’s conception of language in the linguistic project of Gilles Deleuze and Felix Guattari
Teriam eles obstruído ou promovido o crescimento do homem até então? Estes seriam alguns dos questionamentos que fundamentariam o método nietzschiano: a busca pelos afetos e pelos instintos que se traduziriam em linguagem moral, em valoração ou não da vida
Para além de uma mera pesquisa historiográfica, o método genealógico de Nietzsche parece buscar as formações volitivas, o querer que se acha em jogo quando do estabelecimento de um significado moral
Summary
Em Genealogia da moral, Nietzsche (2005[1887]) se pergunta sobre as condições em que o homem inventou para si os juízos de valor ‘bom’ e ‘mau’, assim como sobre o seu real valor. Parece que só restaria às ovelhas a tentativa de enfraquecer aquela força mediante uma denominação moral; e é com essa mesma atitude negativa que elas criariam um valor para si: “quem for o menos possível ave de rapina, e sim o seu oposto, ovelha – este não deveria ser bom?” Antes de tudo, a partir de um sistema fundamentalmente opositivo e pautado na negatividade; a negação da força que cria e diz sim, a negação do que não pode deixar de afirmar o seu agir (a fisiologia inconsciente da natureza, o espírito nobre, as aves de rapina) tem como efeito a cristalização dos modos de existência em uma realidade opositiva, a alienação da experiência da vida em um modelo dialético. Para além da reversão transvalorativa, restaria ainda a criação de uma nova forma de falar: criação que se dará a partir de um retorno à linguagem da realidade trágica, aquela de que Zaratustra nos fala, para além das nomeações morais
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