Abstract

A literatura indígena desestabiliza o conceito homogêneo de literatura brasileira nos fazendo rever o que entendemos por literatura, ao inserir cantos e performances que colocam em questão a primazia da escritura sobre a oralidade, da autonomia sobre a inespecificidade e da assinatura sobre a coletividade; mas também questionando o que chamamos de cultura nacional e de povo brasileiro enquanto identidade unitária e excludente. Afinal, quem são os brasileiros habilitados a assinar e fundar uma literatura vernácula? Quem são os brasileiros capacitados a contar a história do país? Mais que isso, tal literatura denuncia a relação entre racismo e antropocentrismo, genocídio e ecocídio que estrutura nossa sociedade e persiste no presente. Com sua poética da terra, ela nos ensina uma ontologia em que a natureza não se reduz a meros recursos extrativistas e que a terra não é propriedade, expandindo nossas concepções de pessoa e natureza e nos ensinando formas outras de estar mundo.

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