Abstract

Verifi ca-se hoje, nas novas gerações de autores, que a possibilidade material da página tipográfi ca se tornou uma interessante, e assumida, forma de exercitar a criatividade estética. Auxiliados por mecanismos gráficos e tecnológicos que possibilitam novas variantes num formato tão antigo como a página, alguns autores testam, num ambiente literário hipercontemporâneo, a amplitude ficcional da narrativa. Este artigo tem como objetivo contextualizar essa “tendência para a página” – uma das possibilidades da literatura atual, na convergência entre escrita, design e materialidade do livro impresso – nas suas vertentes pictográfi ca, performativa, narrativa, ou outras, recorrendo ao auxílio de teóricos como Glyn White (2005), Simon Barton (2016), Johanna Drucker (1994, 2014), Alexander Starre (2015), Jessica Pressman (2009), Alison Gibbons (2013, 2016), entre outros. Este artigo pretende ainda abordar a produção literária, na sua variante ficção em prosa, de três autores portugueses contemporâneos – Patrícia Portela, Afonso Cruz e Joana Bértholo – para os quais a página surge intencionalmente como possibilidade (e tendência) expressiva na construção do seu discurso ficcional.

Highlights

  • Nowadays, in the new generations of authors, the material possibility of the typographic page has become an interesting, and assumed, way of exercising aesthetic creativity

  • Regressando a Foucault, este afirma ainda que a literatura tem uma logística que lhe é própria, que não existiria sem os seus “aparatos industriais e científicos, urbanos e políticos, escolares e individualizantes” (Foucault, 2000: 139); e que estes não são nem atemporais nem desligados da sua condição histórica, isto é, sendo verdade que o primeiro encontro entre a linguagem e o livro ocorreu há uns 6 mil anos, no entanto, só há cerca de 550 anos essa ligação se tornou efetiva, através do livro impresso (Martins, 2002), o colmatar técnico do amadurecimento do suporte

  • De estes livros nos fazerem lembrar outros mais antigos, o seu tom e ambição são agora necessariamente diferentes (e nesse sentido relativamente originais na abordagem estética): (...) it is more than a just a coincidence: it is an emergent literary strategy that speaks to our cultural moment

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Summary

Universidade de Coimbra

Verifica-se hoje, nas novas gerações de autores, que a possibilidade material da página tipográfica se tornou uma interessante, e assumida, forma de exercitar a criatividade estética. Auxiliados por mecanismos gráficos e tecnológicos que possibilitam novas variantes num formato tão antigo como a página, alguns autores testam, num ambiente literário hipercontemporâneo, a amplitude ficcional da narrativa. Este artigo tem como objetivo contextualizar essa “tendência para a página” – uma das possibilidades da literatura atual, na convergência entre escrita, design e materialidade do livro impresso – nas suas vertentes pictográfica, performativa, narrativa, ou outras, recorrendo ao auxílio de teóricos como Glyn White (2005), Simon Barton (2016), Johanna Drucker (1994, 2014), Alexander Starre (2015), Jessica Pressman (2009), Alison Gibbons (2013, 2016), entre outros. Este artigo pretende ainda abordar a produção literária, na sua variante ficção em prosa, de três autores portugueses contemporâneos – Patrícia Portela, Afonso Cruz e Joana Bértholo – para os quais a página surge intencionalmente como possibilidade (e tendência) expressiva na construção do seu discurso ficcional.

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