A PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA COM MICHEL FOUCAULT: PROPAGAÇÃO DA TEORIZAÇÃO FOUCAULTIANA NA ÁREA (1990 A 2016)

Abstract

À medida que pesquisadores anunciam uma difusão do pensamento de Michel Foucault na educação, também demonstram uma preocupação com os usos desse referencial. Nesse sentido, nos interessa saber como a educação em ciências e matemática, área do conhecimento que tangencia a educação, repercute as ideias do autor. Este trabalho teve como objetivo mapear as pesquisas em educação em ciências e matemática que desenvolvem os conceitos de Michel Foucault e descrever como o trabalho do autor tem sido utilizado na área. Para isso, nos concentramos nos periódicos da área de Ensino, classificados nos estratos A1 e A2, de acordo com o sistema Qualis-CAPES. Selecionamos 26 revistas que tinham como foco a educação em ciências e matemática (n=17) ou a educação de forma mais abrangente (n=9). Buscamos, nos volumes publicados entre 1990 e 2016, todos os artigos que citaram ao menos uma vez uma obra de Michel Foucault e classificamos os textos de acordo com a sua aproximação da obra foucaultiana, em três diferentes abordagens: apropriação incidental, conceitual tópica ou do modo de trabalho. A análise foi realizada em dois momentos: um em que efetuamos um sobrevoo nos dados dos 238 artigos que fizeram uma apropriação do modo de trabalho foucaultiano e outro em que selecionamos 18 textos específicos da área, por meio de palavras-chave relacionadas ao ensino de ciências e matemática, para investigar com maior profundidade os usos desse referencial pelos pesquisadores da área. Sustentamos que há uma difusão de pesquisas na área que operam o modo de trabalho foucaultiano, sobretudo a partir dos anos 2000. A apropriação teórica e metodológica de Foucault encontrada nos artigos se aproxima mais dos procedimentos da análise do discurso, todavia percebemos uma restrição no uso das fontes empíricas. Os autores utilizam o pensamento foucaultiano, em grande parte, como uma ferramenta metodológica e para realizar críticas de segunda ordem, investindo sobre as ideais e práticas já consolidadas na área.